30 de abr. de 2009

GRIPE NORTE-AMERICANA - DE INFLUENZA "SUÍNA" À INFLUENZA "A"




Por Isadora Salomão



Nessa semana fomos pegos em todo mundo com a possibilidade de uma Pandemia...
Tudo por causa de uma gripe surgida, inicialmente, no México, EUA e Canadá e que vem tomando o resto do mundo com uma rapidez alarmante. De tempos em tempos o mundo se depara com um vírus assim... Alguns milhões de pessoas se vão, outros bilhões se fortalecem até a próxima mutação...

Essa nova ganhou logo um nome: "gripe suína".
(mesmo sabendo-se que esta é uma mutação da influenza comum, com a aviária e a suína)
Podia ser gripe mexicana, norte-americana, sei lá! Vai ver era melhor ligar algo tão negativo assim, como uma "mega-gripe causadora de uma possível pandemia", a um dos animais ligados à sua mutação!!! Mesmo porque, quem é "porco", não lava direito as mãos, tem maiores possibilidades de pegar a gripe!

Trocadilhos infames à parte... DEU MERDA!!!

Em época de crise capitalista a última coisa a fazer seria criar chifre em cabeça de cavalo ou, trocando em miúdos, incentivar o boicote a mercadorias, como o porco, base alimentar de diversos países do mundo...
Mas eles fizeram.

Agora, para tentar diminuir o prejuízo ou reverter a cagada, mudaram o nome da dita cuja para "Gripe A"...

Em tempos de sensacionalismo, individualismo e consumismo desenfreado, essa possível pandemia pode, para além de fazer doentes e mortos em todo o mundo, nos tornar:

- mais sensacionalistas (basta ver a cobertura da imprensa sobre o caso, que mais parece desejar que a OMS decrete nível 6 de pandemia e aumente exponencialmente o número de mortos... Sem falar da torcida para que os casos suspeitos do Brasil sejam confirmados...);

- mais individualistas (a gripe é pega pelo simples contato com o ar infectado, todos sabemos. Portanto, o isolamento é o melhor remédio! Inexoravelmente: sua luva é sua luva, sua máscara é sua máscara e NINGUÉM TASCA!);

- e mais consumistas (crescem os preços de máscaras cirúrgicas, luvas e tudo mais. Assim como surgem outras coisas inúteis. Máscaras com desenhos, tecidos especiais mais caros, álcool com cheirinho de não-sei-o-quê para assepsia das mãos e dezenas de remédios que prometem curar o mal do porco!).

Realmente estamos à beira de uma pandemia...

Só sei que quando tudo isso acabar (e que acabe rápido) teremos queimas de estoque e grandes liquidações nas farmácias e lojas de conveniência de todo o mundo prometendo preços hipertentadores para o que sobrar...
O pior não é isso.
O pior é que vão vender tudo.


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29 de abr. de 2009

HOMENAGEM ÀS TRABALHADORAS DOMÉSTICAS


27 DE ABRIL - DIA NACIONAL DAS TRABALHADORAS DOMÉSTICAS - A LUTA PELA ORGANIZAÇÃO SINDICAL
(Do Site da CUT - Escrito por Neide Aparecida Fonseca, presidente do Inspir e direção da Contraf/CUT. Foto de Creuza Oliveira, minha homenageada.)

Esse artigo é para você que é sindicalista e talvez tenha uma trabalhadora doméstica em sua casa, ou que tenha familiares, amigos (as) que dispõe desse tipo de serviço, ou ainda você bancário ou bancária, e até banqueiro, que quando acessar nosso sitio, saberá um pouco da história dessas trabalhadoras valorosas.

Dia 27 de abril é o “Dia da Trabalhadora Doméstica”. O maior presente que elas poderiam ganhar seria o cumprimento dos direitos trabalhistas aos quais fazem jus. Quem sabe você poderá ir um pouco além da lei, entendendo que todos os trabalhadores e trabalhadoras devem ter os mesmos direitos. Vamos lá:
Era o ano de 1889, as mulheres negras vão em massa para o trabalho doméstico, tornando-se o esteio de uma família desestruturada pelo longo período escravagista.

Desde lá, até os dias atuais, as mulheres negras ainda são maioria nesse tipo de trabalho, e como toda classe trabalhadora vem travando uma luta incessante para organizar-se. Em 1936 tem-se a fundação da 1.ª Associação de Trabalhadoras Domésticas, na cidade de Santos, por Laudelina de Campos Melo. Mais somente 24 anos depois, em 1960 aconteceria o 1.° Congresso das Trabalhadoras Domésticas, organizado pela Juventude Operária Católica (JOC), no Rio de Janeiro.

O período da ditadura Militar no Brasil, também perseguiu a organização das trabalhadoras domésticas, fechando em 1964 a Associação de Empregadas Domésticas de Campinas. Mas as trabalhadoras não desistiram e continuaram, ora clandestinamente, ora abertamente se organizando, e em 1972 conquistam a Lei 5859.

Em 1986 tem início uma nova etapa. As trabalhadoras entram na mobilização pela Constituinte, caravanas vão a Brasília, e finalmente em 1988 são reconhecidas como categoria, e as Associações de domésticas, finalmente transformam-se em Sindicatos dos (as) trabalhadores (as) domésticos (as).

Na luta contra o tempo para se organizar, em 1997 fundaram a Fenatrad – Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas, filiando-se no ano seguinte à CUT – Central Única dos Trabalhadores, e mais tarde filiam-se a uma entidade internacional – CONLACTRAHO – Confederacion Latinoamericana y Caribeña de Trabajadores Del hogar.

Entretanto, embora todo esse esforço, ainda é frágil a organização das trabalhadoras domésticas, principalmente por quatro motivos:

v A residência não é considerada como local de trabalho.
v Embora produtivo, o trabalho doméstico é visto, inclusive pela legislação, como um trabalho não produtivo, ou seja, não produz lucro.
v As trabalhadoras domésticas estão dispersas em milhares de residências pelo Brasil afora.
v Faltam recursos financeiros.

Neste sentido, enquanto não houver uma legislação que considere como local de trabalho, a residência que tiver uma trabalhadora doméstica, não poderá haver fiscalização, e assim, continuaremos com pessoas (crianças, adolescentes e adultas) trabalhando em regime de cárcere privado; sendo estupradas; castigadas fisicamente; torturadas psicologicamente; tendo seus documentos apreendidos para que não possam “fugir”. Sem o FGTS sendo depositado e o patrão ou patroa fingindo depositar; os acidentes que ocorrem dentro das casas em decorrência do trabalho continuarão muitas vezes sem nenhum tipo de assistência; etc. etc.

Em relação a ser ou não lucrativo, depende do ponto de vista, pois se a trabalhadora doméstica não exercer os cuidados necessários para que a casa “ande bem”, tanto patrão como a patroa, não terão condições de exercerem suas profissões ditas produtivas. Isso foi provado quando há alguns anos atrás, no Rio de Janeiro, as trabalhadoras domésticas de um Condomínio resolveram paralisar suas atividades, porque o elevador de serviço estava quebrado e elas eram obrigadas a subir vários andares. Os patrões, não agüentaram um dia inteiro de greve, imediatamente se reuniram e solucionaram o problema, ou seja, enquanto não se concertasse o elevador de serviço, elas usariam o elevador social, porque eles não agüentavam mais a desorganização de suas residências, e não podiam trabalhar com tranqüilidade. Por isso, consideramos o trabalho doméstico como um trabalho produtivo, pois produz paz, tranqüilidade, limpeza, cuidados, etc., para seus patrões.

Por outro lado, são cerca de oito milhões por todo o Brasil, e o sindicato não tem acesso às residências, dificultando o contato com a trabalhadora, seja para organizar, seja para arrecadar recursos para fortalecimento da luta. Por isso a criatividade tem sido um instrumento permanente dessas sindicalistas, além da perseverança e da vontade de um dia ver o trabalho doméstico ser reconhecido como profissão.

A interlocução dessa categoria com o Governo Federal melhorou bastante, talvez por ser um governo advindo da luta de classes. Assim em 2006 algumas das injustiças da lei 5859 foram corrigidas e novos direitos foram conquistados, a partir da Lei 11.324de 19/07/2007:

É proibido ao empregador (a) doméstico efetuar descontos no salário do empregado por fornecimento de alimentação, vestuário, higiene ou moradia.

O (a) empregado (a) doméstico (a) terá direito a férias anuais remuneradas de 30 (trinta) dias com, pelo menos, 1/3 (um terço) a mais que o salário normal, após cada período de 12 (doze) meses de trabalho, prestado à mesma pessoa ou família, contado da data da admissão. Tal período, fixado a critério do(a) empregador(a), deverá ser concedido nos 12 meses subseqüentes à data em que o(a) empregado (a) tiver adquirido o direito.

O (a) empregado (a) poderá requerer a conversão de 1/3 do valor das férias em abono pecuniário (transformar em dinheiro 1/3 das férias), desde que requeira até 15 dias antes do término do período aquisitivo (Art. 7º, parágrafo único, da Constituição Federal, art. 129 e seguintes da CLT). O pagamento da remuneração das férias será efetuado até 2 dias antes do início do respectivo período de gozo (art. 145, CLT).

É proibido a dispensa arbitrária ou sem justa causa da empregada doméstica gestante desde a confirmação da gravidez até 5 (cinco) meses após o parto.

Os (as) trabalhadores (as) domésticos (as) passam a ter direito aos feriados civis e religiosos. Portanto, a partir de 20 de julho de 2006, data da publicação da Lei n.º 11.324/06, caso haja trabalho em feriado civil ou religioso o empregador deve proceder com o pagamento do dia em dobro ou conceder uma folga compensatória em outro dia da semana (art. 9º da Lei n.º 605/49).

Embora a luta dessas trabalhadoras avance, ainda precisam conquistar:
Horas-Extras, FGTS obrigatório, Seguro-Desemprego, Salário – Família, Acidente de Trabalho, e Adicional Noturno.

Dia da Trabalhadora Doméstica

A data histórica de maior referência para os trabalhadores e trabalhadoras em todo o mundo é o 1º de maio – Dia Internacional do Trabalho. Além dessa data, as categorias profissionais possuem muitas outras datas que servem como referência das suas histórias, suas lutas, suas conquistas, seus avanços e seus sonhos por justiça, solidariedade igualdade e fraternidade, como por exemplo, a categoria bancaria; comerciaria, etc.

Com forte ligação com a igreja, sendo que a maioria das sindicalistas passou pela JOC – Juventude Operária Católica, não é por acaso que o dia das Trabalhadoras Domésticas, está ligada a homenagem a Santa Zita, que faleceu em 27 de abril de 1278.
Santa Zita era filha de camponeses pobres e nasceu em Monsagrati, Itália, no ano de 1218, começou a trabalhar como doméstica aos doze anos, sendo maltratada e humilhada durante os 48 anos que trabalhou para a mesma família na cidade de Lucca.
Durante o pontificado de Pio XII Santa Zita foi transformada em padroeira das trabalhadoras domésticas.

No Brasil, várias lideranças, militantes ou ex-militantes da JOC, contribuíram para massificar a data, como referência, dentre elas a companheira Laudelina de Campos Melo, que no ano de 1936 fundou a primeira Associação de Trabalhadoras Domésticas, na cidade de Santos/SP.

Que a luta dessa categoria possa contar com a solidariedade das demais categorias, e que neste dia 27 de abril, possamos todos e todas fazer uma reflexão do significado de ser trabalhadora doméstica no Brasil, reforçando o coro dessas bravas mulheres...

23 de abr. de 2009

JOAQUIM BARBOSA 1 X 0 GILMAR MENDES



Uma TV 29": Seiscentos e noventa e nove reais no débito.
Um sofá dois lugares: Setecentos e cinquenta e oito reais no crédito.
Assistir, de dentro da própria casa, em pleno feriado, à sessão do STF onde o Presidente do Supremo Gilmar "Dantas" é descascado pelo Ministro JOaquim Barbosa: NÃO TEM PREÇO!!!

PS: Ministro JB, ontem o SUPREMO foi você...
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LADO A LADO


Por Luís Fernando Veríssimo

Encosto ou não encosto? Só o joelho. O que pode acontecer? Ela dizer “Mr. Lula, please!” Ai eu recolho o joelho, peço desculpas, “aimsórri, aimsórri” e pronto.
Se eu soubesse falar inglês, explicaria. Sabe o que é, Elizabeth? Eu estava aqui pensando: quando é que, lá em Pernambuco, eu ia imaginar que um dia estaria sentado
ao lado da rainha da Inglaterra? Não sei quem é que me botou aqui para tirar esta fotografia dos G-20. Não acho que tenha sido um pedido seu, "Quero o bonitinho de barba à minha esquerda". Claro que não. Mas o fato é que estou aqui e o Barack está aí atrás em algum lugar, de pé e se perguntado o que eu tenho que ele não tem...
O Sarkozy não deve nem estar aparecendo. Ficou atrás da Merkel e não vai sair na foto. E eu aqui ao seu lado, na primeira fila.

Isto significa muito, viu Elizabeth? Lá na minha terra vai ter gente se mordendo de raiva. Onde já se viu, aquele retirante nordestino que nem fala direito sentado à esquerda da Rainha da Inglaterra? Quando eu me elegi muita gente ficou horrorizada: como é que vai ser quando ele, um torneiro mecânico, tiver que nos representar num jantar oferecido, por exemplo, pela coroa inglesa? Vai ser servido na cozinha, para não dar vexame na escolha dos talheres. E aqui estou eu, sentado ao lado - com todo o respeito - da coroa inglesa em pessoa.
Se foi o protocolo que me botou aqui, ele acertou, viu Beth? Você, queira ou não, não é só a rainha dos ingleses, é, simbolicamente, a rainha de todos os loiros de olhos azuis do mundo, incluindo o Barack. De todos os bandidos que causaram esta crise e hoje nos infernizam a vida. E, de certo modo, eu sou o seu oposto. Sou uma espécie de rei republicano dos não-loiros do mundo - ou pelo menos deve ter sido essa a idéia do protocolo aos nos botar lado a lado. Todos os outros chefes de estado desta fotografia seriam dispensáveis.
A foto poderia ser só de nós dois e estariam todos representados.

E isto significa outra coisa também, viu Beth? Eu não me contentei em ter nascido na miséria, no Nordeste, e quis mais. Não me contentei em ser um torneiro mecânico
em São Paulo e quis mais. Não me contentei em ser um líder sindical e quis mais. Não me contentei em perder eleição atrás de eleição, insisti e acabei presidente.
Agora estou aqui, lado a lado com a Rainha da Inglaterra, num dos pontos mais altos da minha carreira, e também quero mais. Por isso minha perna se moveu e meu joelho
encostou no seu. De certa forma, o movimento da minha perna foi o passo final da caminhada que começou em Pernambuco, tantos anos atrás. Já que, ao contrário de você,
Beth, não posso ficar no poder para sempre.

Fonte: Blog Entrelinhas

21 de abr. de 2009

LUA ADVERSA

Cecília Meireles
(Poesia de feriado melancolicamente chuvoso...)


Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha
Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...

2 de abr. de 2009