19 de out. de 2010

O PIANO DE DILMA ROUSSEFF

Um texto providencial que recebi por e-mail de um amigo.
A autora é Rita Santana.
Aproveitem, reflitam e repassem...



Os textos que circulam na internet contra Dilma são preconceituosos e colaboram apenas para a formação de uma sociedade machista e excludente. É tão preconceituoso quanto o discurso de Serra. A imagem da mulher ainda está associada a uma pessoa que tem necessariamente que ser doce, pudica e pacata. Nós, mulheres, somos sempre assim? Vocês se encaixam nos padrões de feminilidade divulgados pela mídia? Todas vocês são Cléo Pires, Luana Piovani ou Larissa Riquelme, a musa da Copa? Acho improvável! Eu estou bem longe desse padrão. Durante o primeiro debate do segundo turno, Serra continuou agredindo com ironias e sarcasmos a candidata e ela reagiu a isso, não como uma musa indefesa, mas como uma mulher com a sua história e o seu currículo poderia, e deveria, reagir: com garra, força, determinação e com fatos, dados, que nós mulheres sabemos empregar muito bem quando nos sentimos ameaçadas e insultadas. Infelizmente, os homens e muitas mulheres - o que é ainda mais triste - não suportam encontrar, no gênero feminino, pessoas combativas, como se todas tivessem que ser cândidas e suaves sempre. Um colega, que vota nela inclusive, perguntou se ela estava de TPM no debate! Recurso, aliás, bastante utilizado pelos homens para desqualificarem nossos discursos, reações, protestos, nossas palavras ríspidas e nossas insatisfações. Como se mulheres fossem destituídas de rispidez, fala, protesto e indignação. Não somos! Temos fala, senhores e senhoras!

Existem mulheres guerreiras desde sempre no Brasil, podemos citar Maria Quitéria, que até hoje é honrada pelo exército brasileiro pelo seu heroísmo durante a guerra pela Independência da Bahia e do Brasil, e que só foi ao campo de batalha porque se vestiu de homem e fugiu de casa. Após ser reconhecida pelos seus méritos de soldado, teve que pedir ao Imperador que intercedesse junto ao seu pai para que ele a aceitasse de volta. Nunca foi fácil ser uma mulher de luta, de combate. Não acredito que a moça tivesse gestos delicados e jeitinho de fragilidade que nos foram impostos por uma sociedade absolutamente machista; nem que fosse o tipo que se conformasse em ficar fazendo fofoca e bordados enquanto o destino do País estava sendo decidido. Dilma também teve que assumir uma postura durante a ditadura militar, e o fez quando foi absolutamente necessário e isso é motivo de orgulho para todas nós. Era preciso, como agora, interferir, lutar e utilizar armas que colaborassem para o crescimento e a liberdade do Brasil, não para o seu retrocesso histórico. A minha única arma é a minha escrita e meu voto.

Um dos textos que circulam pela rede parece defender que a mulher deve ter um único marido, nunca se separar, nunca se aventurar em outros amores, nunca lutar por ideais políticos. E todo esse discurso, após tantos anos de conquistas, tantas lutas, tantas mulheres que morreram tentando provar o contrário?! Provar que somos capazes e que temos que quebrar as algemas sociais para sermos felizes, lutando pelos nossos ideais. Afinal, a felicidade não é uma receitinha pronta para simplesmente ser seguida, sem questionamento. A felicidade, às vezes, leitoras de Clarice Lispector, é Clandestina! A felicidade às vezes tem que ser guerrilheira, combativa, inusitada, variada, diversificada, inesperada, múltipla, herética e errática!

O texto, que me moveu a escrever, é muito antiquado e feito para destruir a imagem da candidata Dilma. Entretanto, o que ele destrói é a imagem de Serra e dos seus comparsas que reproduzem o pensamento de que cabe à mulher um papel silencioso e submisso diante da história do País e da sua própria história. O período de ditadura, que vivemos no passado, não foi fácil e muitos ficaram aqui para lutar contra a opressão, de forma armada sim, porque era a única forma de combater aquele regime, ele sim, assassino. Corpos de guerrilheiros, artistas, jovens, escritores, pais e mães de família, militantes, ainda hoje são procurados por seus familiares. Viúvas ainda sonham em enterrar os seus mortos.

Mulheres como Luíza Mahim, que participou da revolta dos Malês, aqui na Bahia, cujo filho Luís Gama, abolicionista, foi vendido ainda pequeno como escravo pelo próprio pai, certamente não são o tipo de mulher que a sociedade e algumas mulheres aceitem facilmente. Mas foram elas que fizeram a história. Foram mulheres que enfrentaram os olhares de repúdio e desprezo, os ataques e as calúnias, que construíram o País. Maria Filipa, negra, na ilha de Itaparica lutando capoeira e pensando de forma estratégica, conseguiu incendiar embarcações portuguesas e, assim, ajudar na nossa libertação. Mulheres assim são insubordinadas, não se acomodam com a classe ou a casa confortável dos seus pais ou maridos, ignorando o resto da população miserável e oprimida. Mulheres assim participam de movimentos sociais, lutam, amam, separam, brigam, estudam, divorciam, amancebam, assumem postos de poder, escrevem, e atuam para a transformação social. Algumas delas assumem a Presidência da República e não podem ser jogadas na fogueira do preconceito por causa disso! Estão ateando fogo e jogando pedra em Dilma, cujo pecado é disputar a Presidência da República. A Inquisição já acabou! Quem são os inquisidores de hoje e que armas eles utilizam? A internet?

Se não fosse a ousadia de uma Chiquinha Gonzaga, mulata, bastarda, não teríamos a nossa primeira maestrina capaz de compor músicas tão lindas, afinal, a sociedade do século XIX não aceitava mulher tocando o piano (vejam como o piano é velho e simbólico dentro da educação de mulheres no País), senão, dentro de casa e para o seu marido e os seus convidados. Ou seja, o piano era restrito ao espaço privado. O piano de Chiquinha queria mais! O piano de Chiquinha gritava para sair de dentro de casa e tomar as ruas, os bares, os boêmios, os negros excluídos da época. Porque a música que a interessava estava entre eles, produzida por negros. Isso era inaceitável para aquela sociedade. Mas a música de Chiquinha exigia mais! E ela enfrentou e combateu a todos para seguir o seu talento, o seu desejo!

Dilma também não aceitou administrar, apenas, a economia doméstica, como tantas de nós fazemos, e somos, até, elogiadas pelos homens por isso. Dilma regeu a administração do País inteiro ao lado do Presidente Lula, que preteriu a muitos nomes tradicionais do Partido, contrariou a muitos, inclusive a mim, no princípio, ao eleger como sua candidata, a sua preferida, Dilma. Certamente não o fez pelos seus encantos pessoais, nem pela sua beleza. Foi a sua competência que desviou o Presidente dos nomes esperados e sinalizados pelo Partido. Não deve ter sido fácil fazer essa opção, mas ele o fez com coragem e enfrentamento.

Voltando a Chiquinha, era necessário ir pros botecos, tocar com os negros e abandonar os seus filhos, pois não poderia criá-los sem a estabilidade do lar e do marido, sem a aprovação social da época. Assim é Dilma! Ela não poderia ser tão competente, aos olhos do maior Presidente da história brasileira, o nosso cara, e limitar a sua atuação ao anonimato da burocracia do governo! Era pouco e o presidente Lula, nordestino, sensível, homem surpreendente e encantador, percebeu isso. Ela era digna e capaz de ocupar o posto mais alto do País, não pela sua beleza ou simpatia, mas pela sua capacidade de gerir, administrar áreas comumente ocupadas por homens. Ministra das Minas e Energias, liderando a Petrobrás, tomando conta da Casa Civil. Mas o povo e, particularmente, algumas mulheres queriam que ela fosse simpática, agradável, doce. Lembro que o nosso povo votou em Collor porque muitos (e muitas) o consideravam bonito!!! Lula teve que suar e o povo que sofrer muito até colocá-lo no poder, e ele iniciar uma revolução democrática no País. As elites, que são muitas, não se conformam porque a população pobre, negra está ocupando, também, espaços sempre destinados às classes sociais elevadas. O povo está nas Universidades.

Com esse tipo de e-mail, estamos colaborando para o preconceito contra a mulher, contra a liberdade, contra a inteligência como um atributo feminino. São mães que estão negando às suas filhas a possibilidade de termos uma mulher, indicada por Lula, para dar continuidade às transformações sociais que as atingem diretamente. Suas filhas também serão mais respeitadas a partir de agora. Nós mulheres seremos mais ouvidas a partir de agora. Nossos discursos serão menos desprezados. Somos responsáveis pelos e-mails que enviamos e as idéias que eles divulgam. Leio os textos e vejo um exercício de manipulação dos fatos; vejo o retorno de um tempo tão longínquo (hoje eu já tenho 41 anos), onde propalavam que os vermelhos comunistas comiam criancinhas. Agora dona Mônica Serra diz que Dilma é assassina de criancinhas. Parece que essa gente subestima a NOSSA inteligência, a nossa capacidade de discernimento, a nossa capacidade crítica.

Sobre o aborto! Dilma hoje já prometeu não enviar leis para serem aprovadas nesse sentido. O que é perfeitamente compreensível nesse País tão cheio de pudores religiosos, onde os evangélicos ocupam de forma acintosa tantos canais de televisão, fazendo uma campanha acirrada contra a nossa candidata, que parece encarnar para os fanáticos a própria Eva ou Lilith. Quantas mulheres conhecemos que praticaram uma vez na vida algum aborto? Conhecem alguma mulher pobre que morreu em mãos de açougueiros ou tomando remédios por conta própria? Eu conheço! E sei que ela não teria morrido se o meu País não fosse tão hipócrita e ela pudesse ter sido atendida por um médico de verdade, com assistência legal. Afinal, a sua “escolha” de não ser mãe, naquele momento, já era tão difícil, tão dolorosa e triste, pessoal e intransferível. A sua morte abalou a todos daquela comunidade. Um abalo silencioso e proibido. Que ela tivesse, pelo menos, assistência médica; que não fosse tratada como bandida, que não morresse. São mulheres cidadãs e trabalhadoras que muitas vezes recorrem a essa – única - saída. Quantas casadas, decentes, honradas, amadas, vocês conhecem que também já o fizeram correndo risco de morte? O risco deve continuar? Até quando? Em nome de quê? O aborto legalizado ainda é um tabu nesse País de mulheres tão santas, católicas e evangélicas. País de não pecadoras! É hipocrisia considerar que não é preciso discutir a necessidade de adotarmos medidas de saúde pública para conter o número imenso de mulheres pobres, negras e brancas, mortas por praticarem aborto, pois as ricas têm assistência médica. É simples!

Essa certamente não é a plataforma de governo de Dilma! Os seus planos para o País são estruturais e ideológicos e vão além. Mas o aborto é o alvo principal dos seus inimigos. Dilma não legalizará o aborto, fiquem tranqüilos! Ela já o prometeu! Está prometido aos evangélicos! Aqui ninguém o pratica e ninguém morre assim, certamente os números alarmantes apontados pelas pesquisas são uma ilusão, um engano. Além do mais, somos muito católicos e evangélicos para pensarmos nessa possibilidade. Vejam que as pedras do velho testamento continuam sendo atiradas contra a Mulher. Jesus veio e enfrentou o apedrejamento, lembrem-se! A adúltera não foi morta, pois alguém tinha que atirar a primeira pedra. Alguém que nunca tivesse pecado! A mulher foi salva por Jesus Cristo, no entanto, o que é essa guerra conta Dilma senão um apedrejamento simbólico, tão selvagem contra o bíblico?! A sede da nossa sociedade de punir a mulher que desobedece às leis sociais, que peca por contrariar o desejo masculino, por invadir um espaço social, público, destinado aos homens. Peca por disputar o poder com um homem que fala em nome da moral e dos bons costumes, com o visível propósito de atingir a candidata, como se ela e a sua biografia não fossem dignas. Serra com a sua moral falaciosa! Um homem agressivo, acintoso, que utiliza do cinismo o tempo inteiro para atrair aqueles que também se querem virtuosos e virtuosas. Hipócritas! Gente com a sanha do apedrejamento, que deve ser um desejo coletivo inconsciente capaz de mobilizar as massas para grandes espetáculos mórbidos, como acontecia durante a Inquisição. Vamos ver as bruxas morrerem na fogueira! E se possível vamos apedrejá-las também!

A mulher que sai da toca e afirma-se como um ser pensante e participativo, que pega em armas como Maria Quitéria, como Anita Garibaldi, como Olga Benario. Elas são mulheres muito próximas de Dilma, parceiras, companheiras (aquelas que dividem o pão) e certamente jamais teriam como amante, marido, namorado, companheiro um tipo como José Serra. Certamente - e aqui vai o meu delírio utópico/poético - essas mulheres amavam homens intensos e verdadeiros, atraentes, sedutores e, principalmente, sonhadores. Homens que respeitavam seus discursos e acreditavam no direito da mulher de ser Grande. Certamente seriam homens que se orgulham do poder feminino e da sua capacidade de gerir empresas, como Dilma, e de gerar filhos, também como Dilma! Jamais um forjado Zé Serra capaz de divulgar esse tipo de pensamento sobre sua adversária política e de tratá-la de forma tão grosseira e deselegante. Um casca grossa!

Parece que a sociedade acredita na mulher apenas administrando a sua cozinha. Mas Dilma, Chiquinha, Luíza, Anita, Olga, Filipa, Quitéria, Joana Angélica, quiseram bem mais. O texto que me moveu faz alusão ao piano que Dilma tinha na casa dos pais. Moça de família! O piano foi a arma de Chiquinha Gonzaga, mas o piano de Dilma não respondia às necessidades de transformação social que ela aspirava. Por isso, certamente, Dilma, foi fazer política e suas armas foram e são outras. O falo da fala, como diria Maria Rita Kell.

Um beijo, companheiras históricas de tantas batalhas que ainda temos que enfrentar! E que a fama de que nós, mulheres, não somos solidárias umas com as outras não seja consolidada nesse momento histórico do País. Sejamos solidárias com a competência de Dilma e com a sua qualificação para dirigir o nosso País.



(Abaixo, uma música de Chiquinha Gonzaga para abrandar e encantar nossas almas. "Amor no coração" é a música.)


Amor No Coração
Chiquinha Gonzaga
Composição: Chiquinha Gonzaga / Zuca Gonzaga

Você me derrubou
Mais eu me levantei
Você me machucou
Mais eu te perdoei

Agora eu quero ver
O que tu vai fazer
O que tu fez comigo
Eu não faço com você

Eu só queria que você me esquecesse
Faça de conta que você nunca me viu
Não tenho medo da tua insinuação
A melhor coisa do mundo
É ter amor no coração




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7 de out. de 2010

QUE TAL ABORTAR A HIPOCRISIA?

Paulo Moreira Leite, no blog da Época

A discussão sobre a discriminalização do aborto foi um tema da reta final do primeiro turno e deve permanecer na segunda fase da campanha presidencial.

Há um lado peculiar nessa discussão. Ninguém falou de aborto nos últimos anos. Os vários projetos sobre o assunto, no Congresso jamais mereceram atenção da imprensa nem dos partidos políticos. Ficaram adormecidos e eram lembrados, como bandeira feminista, nos festejos de 8 de março ou outras datas semelhantes.
Na última semana da campanha, o debate surgiu.

Por que? Honestamente, só há uma explicação política: era uma forma de prejudicar a candidatura de Dilma Rouseff e tentar impedir sua vitória no primeiro turno.

Não é uma conspiração. É uma intervenção política, nos subterrâneos da campanha. É dificil imaginar que o aborto tenha surgido de forma espontânea. Foi um assunto provocado, de fora para dentro. Todos os grandes candidatos têm suas conexões religiosas e seus aliados neste universo.

Da mesma forma que um partido pode mobilizar sindicatos para defender uma candidatura ou um grupo de empresários para conseguir apoio, outra legenda pode mobilizar uma liderança religiosa para prejudicar um adversário.

Os adversários de Dilma descobriram um ponto sensível, onde seria possível atingir a candidata e colocaram o assunto na internet, produzindo o estrago que se conhece. Não é um ataque sem base.

A posição de Dilma e do PT modificou-se ao longo do tempo. O PT decidiu não colocar o assunto em discussão na campanha eleitoral, ainda que ele tivesse surgido na primeira versão do Plano Nacional de Direitos Humanos, sendo extirpado por decisão do presidente Lula, que não teve receio de desautorizar seus próprios auxiliares. O eleitor tem o direito de saber que a liderança religiosa que condena um concorrente em função dessa questão tem vínculos com determinada candidatura e trabalha para ela.

Quem acha necessário levantar a discusssão deve fazer isso de modo transparente, e não na forma de insinuações e acusações pela internet. O esforço para criar um debate sem origem é revelador de uma operação eleitoral, de quem quer cativar o eleitor religioso sem perder apoio junto a setores da classe média urbana que tem outra visão sobre o assunto e pode achar esse comportamento reacionário e inaceitável.

A falta de interesse que o aborto costuma provocar na vida cotidiana do país só ressalta o caráter artificial dessa discussão agora.

Por exemplo: lendo a Folha de hoje descobri que o PV é a favor da legalização do aborto desde 2005. É espantoso, quando se recorda que é justamente o partido de Marina Silva.

(O PV também é a favor da legalização da maconha, diz o jornal. Não duvido que uma pesquisa aprofundada descubra uma resolução de algum encontro verde a favor de casamentos de homossexuais…)

Não acho essa revelação sobre a posição do PV sobre a legalização do aborto escandalosa. É sintomática.

A sociedade brasileira convive há muitos anos com o aborto, que é tolerado em todas as famílias com uma única diferença. Quando a pessoa tem posses, pode submeter-se a uma cirurgia como tantas outras. Caso contrário, é submetida a intervenções de risco. O debate é uma questão de saúde pública, acima de tudo.

Não conheço ninguém que seja a favor do aborto. Mas conheço muitas mulheres que realizaram um aborto porque não se sentiam capazes de criar um filho sob determinadas condições — o que me parece uma atitude tão respeitável como a daquela que não realiza o aborto por uma postura ética de não atentar contra a aquela forma de vida humana.

Acredito nos políticos que dizem que são contrários ao aborto. Não conheço nenhuma pessoa que, em pleno gozo de sua saúde mental, seja a favor de interromper o desenvolvimento de um feto, de modo gratuito, em vez de utilizar métodos anticoncepcionais.

Na vida pública, nossos políticos se comportam da mesma forma, independente de cor, filiação partidária ou origem religiosa: toleram o aborto. Por essa razão as clínicas que realizam esse tipo de cirurgia funcionam de forma discreta e jamais são incomodadas pelas autoridades. A partir de uma certa idade, toda mulher brasileira sabe onde pode encontrar o nome de um médico que pode interromper sua gravidez. Marie Claire, uma das grandes revistas do país, tem posição editorial firmada a favor da discriminalização do aborto.

Periodicamente, os jornais e revistas entrevistam celebridades que já fizeram aborto — e nada lhes acontece, ao contrário do que ocorreu com o galã Dado Dolabella, que será processado porque recentemente foi apanhado com algumas gramas de maconha.

Na prática, o país caminha em direção à discriminalização — mesmo que nem sempre seja conveniente admitir isso. Essa discussão envolve um debate necessário e será lamentável se o assunto for transformado em troféu de uma guerra eleitoral.

Estamos num desses casos em que raramente se diz aquilo que se faz. Concorda?



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