20 de out. de 2008

ELOÁ, O QUE AS MÍDIAS E OS ESPECIALISTAS NÃO DISCUTEM.

Há menos de 24h do trágico desfecho do seqüestro de Eloá Cristina Pimentel, por Lindemberg Alves, todos atônitos procuramos “compreender” via mediação dos meios de comunicação social e de especialistas da segurança pública, psicólogos, e outros, um fato presente cotidianamente no noticiário: a violência contra as mulheres.
Muitas são as explicações que tentam dar conta do comportamento do jovem, cujo perfil durante o processo de negociação fora retratado pelos meios como de um rapaz tranqüilo, trabalhador, que tinha planos para casar. “Dificuldade de lidar com as frustrações”; “comportamento passional”, “de tolerância muito baixa às frustrações”, entre outros argumentos são discutidos publicamente em jornais, sites, rádio, enfim, em todo processo de agendamento desta lamentável crônica de mais uma tragédia midiatizada.
Inúmeros aspectos deste acontecimento são ressaltados na cobertura: o lugar, os protagonistas, o tempo, amigos, imagens, os momentos de negociação, os lugares de origem de Eloá e Lindemberg, as imagens... Todavia há um aspecto a ser considerado nesta notícia, como em tantas outras que possui semelhança com o seqüestro de Eloá e Nayara, o fato de que se trata de crimes que se relacionam com as desigualdades de gênero e que se não discutirmos também nos noticiários esta face da violência, se torna muito difícil a superação de algo que pode ser considerado, lamentavelmente, um padrão cultural de se matar mulheres.
Um breve monitoramento de mídia permite perceber a brutalidade e reificação de crimes como estes: eles não são apenas crimes passionais, eles podem situados numa teia complexa de construção de valores sociais que forjam um feminino fraco, vulnerável, incapaz e sem condições de decidir a própria vida, em contraposição a um modelo de masculinidade rígido e legitimado socialmente a partir da força, da dominação e do controle. São de certa maneira estes alguns dos elementos que mantém os mecanismos psíquicos do poder na constituição do sujeito e a na construção da sujeição.
Perceber os gêneros como processo de mediação do social é urgente para que a gente se dê conta da violência contra a mulher como um fenômeno social cujo aparecimento cotidiano nas mídias também precisa ser interpretado, refletido com e a partir dos veículos de comunicação.
A motivação de Lindemberg em manter seqüestrada Eloá e tentar por fim a vida da jovem se inter-relaciona com outros fatos conhecidos da sociedade brasileira, como os casos Ângela Diniz, Sandra Gominde, Daniela Perez, e ainda de inúmeros casos de violência e homicídios femininos que são noticiados, mas que carecem não de uma tentativa de tentar compreender o comportamento masculino, mas de questionar os valores sociais que se reproduzem nas trocas simbólicas e tecem ainda, tristemente, este predomínio do falo que oprime e extermina.
O tiro na virilha de Eloá não é só uma metáfora, mas uma expressão do ódio da tentativa frustrada de continuar mantendo o exercício do controle sobre o corpo das mulheres, por isto me sinto hoje também transpassada por esta bala.
Numa das notícias veiculadas hoje dois personagens sobrenaturais surgiram: um anjinho e um diabinho que acompanhavam Lindemberg. Parece inacreditável, mas este recurso, muito comum entre homens que praticam violência contra as mulheres, aparece mais uma vez como uma máscara, uma performance que busca esconder o lado perverso de um imaginário social que em momentos como este é despertado pelos disparos protagonizados por um homem que representa neste instante os mecanismos simbólicos que negam cotidianamente às mulheres o seu direito a vida.
Sandra Raquew dos Santos Azevedo, jornalista.

8 de out. de 2008

BURN IT BLUE

(Música do filme "Frida", cantada por Caetano)

Burn this house
Burn it blue
Heart running on empty
So lost without you
But the night sky blooms with fire
And the burning bed floats higher
And she's free to fly...
Woman so weary
Spread your unbroken wings
Fly free as the swallow sings
Come to the fireworks
See the dark lady smile
She burns...
And the night sky blooms with fire
And the burning bed floats higher
And she's free to fly...
Burn this night
Black and blue So cold in the morning
So cold without you
And the night sky blooms with fire
And the burning bed floats higher
And she's free to fly
Y la noche que se incendia,
Y la cama que se eleva,
A volar...
And of the dark days
Painted in dark gray hues
They fade with the dream of you
Wrapped in red velvet
Dancing the night awayI burn...
Midnight blue Spread those wings
Fly free with the swallows
Fly one with the wind
Y ella es flama que se eleva,
Y es un pájaro a volar
Y es un pájaro a volar
En la noche que se incendia,
El infierno es este cielo
Estrella de oscuridad
And the night sky blooms with fire
And the burning bed floats higher
And she 's free to fly
Just a spark in the sky
Painting heaven and hell
Much brighter
Burn this house
Burn it blue
Heart running on empty
So lost without you