tag:blogger.com,1999:blog-54667909881070804672024-03-21T20:54:18.744-03:00MULHER VERMELHA"...NÃO FOSSE A INTELIGÊNCIA DA SEMELHANÇA, SERIA SÓ O MEU AMOR, SERIA SÓ A MINHA DOR BOBINHA E SEM BONANÇA. SERIA SOZINHA MINHA ESPERANÇA..." (ELISA LUCINDA)Isadora Salomãohttp://www.blogger.com/profile/08803743152202512782noreply@blogger.comBlogger68125tag:blogger.com,1999:blog-5466790988107080467.post-6099120316793580722013-01-15T11:51:00.001-03:002013-01-15T11:51:43.043-03:00O “Novo Homem” nascerá do feminismo14/01/2013 | Filed under: Feminismo, Relacionamentos and tagged with: homem, masculinidade, sociedade
Texto de Henrique Marques-Samyn.
As supostas renovações da masculinidade não têm passado de uma farsa, e isso por um motivo elementar: têm, equivocadamente, fechado os olhos para o feminismo — que é o único meio através do qual o “novo homem” pode, de fato, abandonar os modelos e valores de uma masculinidade fossilizada e adaptar-se às incontáveis transformações que o feminismo vem realizando nas mais expressivas coletividades humanas.
De modo geral, as reflexões em torno do “novo homem” apontam para dois caminhos: ou se trata de um homem que, de algum modo, “moderniza” valores convencionalmente associados à masculinidade; ou de um homem que se abre à negociação com elementos “femininos”, o que propiciaria uma libertação da figura tradicional do “macho”. A respeito desse último ponto, ressalto que aqui não me refiro a qualquer modelo que admita a construção de possibilidades andróginas, o que poderia permitir alguma relativização ou questionamento das referências de gênero; o caso de que trato supõe o reforço de uma estruturação binária que trabalha com categorias estanques de “masculino” e “feminino”.
No primeiro caso, temos homens que apresentam os tradicionais atributos da virilidade e da potência física e sexual, embora de um modo pretensamente mais “sofisticado” ou “refinado” em comparação com a típica masculinidade convencional. No segundo caso, temos desde homens que utilizam discretos cosméticos até os que ostensivamente se maquiam; ou que, supostamente mais ousados, incorporam peças como saias ou outros acessórios “femininos” ao seu vestuário cotidiano — sem, reitero, questionar de qualquer modo essas categorizações de gênero. Traços desses modelos podem, é claro, mesclar-se em concepções específicas do “novo homem”; minha intenção não é construir uma tipologia rígida, mas abordar aspectos basilares comuns aos modelos que vêm sendo apresentados como instâncias de renovação da masculinidade.
O que a meu ver permanece subjacente, e que acaba por minar qualquer possibilidade de que o “novo homem” busque uma efetiva ruptura com os modelos tradicionais, é uma noção incontestada de “natureza masculina”. Em qualquer dos casos anteriormente mencionados, persiste o tácito pressuposto de que há algum tipo de princípio natural constitutivo da masculinidade que ora se abre à “negociação” com valores tidos como femininos, ora se atualiza numa roupagem mais adequada aos tempos contemporâneos. Eis a mensagem fundamental: nós, homens, não precisamos colocar em risco nossa “essência masculina” para que possamos acompanhar os novos tempos; é suficiente a reelaboração de alguns elementos periféricos.
Qual é, por conseguinte, o sentido real da mensagem? Que o “novo homem” em nada é menos “macho”; que nada tem a perder de sua virilidade, ou da posição privilegiada que ocupa na sociedade patriarcal. Assim, o homem que ousa incorporar elementos “femininos” pode ser apresentado como alguém que desfruta de uma intimidade com o universo das mulheres, o que lhe faculta maior compreensão da “alma feminina”, um melhor desempenho sexual, uma sensibilidade que lhe permite gozar melhor do “sexo oposto”. Por sua vez, o homem que se apresenta como uma versão mais “sofisticada” do “macho” tradicional pode ser visto como alguém que sabe exercer sutilmente seu domínio através das artes do cavalheirismo, bem como tratar a mulher como uma “princesa”, fazendo com que ela se sinta mais confortável em seu papel submisso.
Desse modo, pode-se perceber que esse “novo homem” nada tem de realmente novo: não passa do velho “macho” em novos trajes. Não é assim que nascerá verdadeiramente um modelo renovado de masculinidade; é preciso ir muito mais além. Esse modelo apenas será possível quando, na esfera da experiência cotidiana, o homem fizer aquilo que as mulheres têm feito há séculos, e que determinou a profunda contestação das estruturas sociais e políticas que o feminismo vem realizando: constatar a falsidade de sua própria natureza. A esmagadora maioria dos homens — e isso é especialmente verdadeiro no que diz respeito ao Brasil — ainda não teve a coragem de encarar a versão equivalente da radical indagação, crucial para o feminismo contemporâneo: o que significa tornar-se homem?
Quando nós, homens, ousarmos questionar sincera e radicalmente nossa própria condição, percebendo que não existe uma “natureza masculina” responsável por conceder-nos qualquer tipo de atributo essencial ou qualidade necessária; que designe para nós um lugar privilegiado na hierarquia social; que produza padrões de conduta sem os quais nossa “masculinidade” será inevitavelmente perdida, talvez enfim nos seja enfim facultado encontrar o caminho para uma verdadeira renovação. Um caminho que passa, inevitavelmente, pelas vastas e férteis terras do feminismo — e que os novos homens (agora, já sem aspas) percorrerão sem qualquer receio de perderem a si mesmos.
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcAIhA4YX6Ot3jCvs3yimiebMYQuxA1beOxFgrhS6pn_Rgh4OR0rHIeSMjF2rxO6V35Zqgu-g7Un_ljIM1us6b-epvkefMQ3ko8Nbbclylkip7R-_vP1k_AXR54JVmhJdzLBo27BiRZIFn/s1600/dali_homem.jpg" imageanchor="1" style="clear:left; float:left;margin-right:1em; margin-bottom:1em"><img border="0" height="353" width="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcAIhA4YX6Ot3jCvs3yimiebMYQuxA1beOxFgrhS6pn_Rgh4OR0rHIeSMjF2rxO6V35Zqgu-g7Un_ljIM1us6b-epvkefMQ3ko8Nbbclylkip7R-_vP1k_AXR54JVmhJdzLBo27BiRZIFn/s400/dali_homem.jpg" /></a></div>
“Criança geopolítica assistindo o nascimento de um novo homem”. Pintura surrealista do espanhol Salvador Dali, datada de 1943.
<a href="http://blogueirasfeministas.com/2013/01/o-novo-homem-nascera-do-feminismo/"></a>Isadora Salomãohttp://www.blogger.com/profile/08803743152202512782noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5466790988107080467.post-69081879838194995142012-02-27T19:58:00.002-03:002012-02-27T20:02:12.040-03:00ENFIM, A EMANCIPAÇÃO MASCULINA!<span style="font-weight:bold;">O que é ser homem hoje? A boa notícia é que ninguém sabe.</span><br />***<br /><br />Esse artigo eu dedico aos homens que amo...<br />Boa leitura!<br />ISa<br /><br />***<br /><br />Lembro de um evento psicanalítico ocorrido em Porto Alegre, anos atrás, sobre “Masculinidade”. De repente, apareceu um engenheiro por lá, adentrando o mundo dos psis. Ele queria entender, como homem, a sua falta de lugar no mundo. Não sei se conseguiu, mas sua presença foi um belo movimento para fora do território conhecido, onde as contas já não fechavam, rumo ao insondável. Ainda tateando sobre esse tema tão fascinante, penso que a melhor notícia para todos nós é a confusão sobre o lugar do homem. Sobre isso, Laerte Coutinho, entrevistado no Roda Viva (TV Cultura) de 20/2, fez uma grande observação: os homens nunca fizeram a revolução masculina.<br /><br />Para começar, quem é Laerte? Se você não ouviu falar dele, está perdendo uma revolução encarnada numa pessoa. Antes, porém, é importante sublinhar que ele talvez seja o maior cartunista brasileiro. Para mim, é um gênio. E não é uma opinião solitária. Não aquele gênio banalizado dos manuais 171 vendidos nas livrarias, mas gênio mesmo, daqueles que nasce um a cada muitos e muitos e muitos anos. Só para recordar, são dele histórias em quadrinhos como “Piratas do Tietê” e personagens como Overman, Deus e Fagundes, o Puxa-Saco. A minha vida, pelo menos, seria mais pobre se eu não pudesse ler todo dia as tirinhas do Laerte publicadas na Folha de S. Paulo.<br /><br />Em 2010, Laerte passou a se vestir de mulher – publicamente. Tipo ir à padaria de saia e meia-calça. Laerte se tornou ora ele, ora ela, ele/ela no mesmo corpo e na mesma cabeça. E, desde então, não para de dar entrevistas nas quais parte dos entrevistadores tenta, com certo grau de ansiedade, encaixá-lo/a em alguma definição. A novidade, no sentido libertador do novo, mesmo, é que Laerte se coloca para além das definições. Nem acho que cross-dresser (homem que gosta de se vestir de mulher – ou vice-versa – sem necessariamente ser gay) serve para enquadrá-lo/a. Acho que todos nós ganharíamos – “héteros, gays, bissexuais, transgêneros, travestis, transexuais, assexuais etc etc” – se abolíssemos a necessidade de caber em algum verbete. Seres humanos não são como aqueles jogos de montar para crianças pequenas, em que é preciso encaixar o retângulo no retângulo, o triângulo no triângulo e assim por diante. A única definição que vale a pena é justamente a indefinição. Sou aquele/a que é sem se dizer. Ou sou aquele/a que é sem precisar dizer o que é.<br /><br />E essa é a novidade de Laerte, que é homem, é mulher, é masculino, é feminino e é também alguma coisa além ou aquém disso. Que se veste de mulher, mas fala e caminha como um homem. Que na infância gostava de costura e de futebol. Que vai jantar de saia e unhas vermelhas com uma namorada, mas pode também ter um namorado. Que enfia um pretinho básico sem se tornar efeminado. Que começa a entrevista de pernas cruzadas e, lá pelas tantas, se empolga e abre as pernas sem se importar que no meio delas more um pinto. Laerte é novo/a porque nos escapa. É um homem novo, mas também pode ser uma mulher nova.<br /><br />Em janeiro, Laerte foi protagonista de uma polêmica ao ser repelido/a no banheiro feminino de uma pizzaria paulistana por uma cliente que se sentiu incomodada com sua ambígua figura. Surgiram então ideias esdrúxulas, como a de fazer um terceiro banheiro para os que não se enquadrariam nas definições tradicionais. Se o terceiro banheiro vingar, vou começar a frequentar os três, porque começo a achar uma afronta a exigência de que eu tenha de me definir para fazer xixi. Por agora, acho tão ultrapassado haver banheiros separados por qualquer coisa, que nem pretendo me estender nesse assunto. Era apenas para contar um pouco quem é Laerte para aqueles que ainda o/a estão perdendo. E desembarcar no tema que me interessa mais.<br /><br />A certa altura da entrevista, ele/ela fez a seguinte observação: “Existiu a tal da revolução feminina, que é um dos marcos da humanidade. O que não aconteceu é a revolução masculina”. Laerte referia-se ao fato de que as mulheres já fizeram mil e uma rebeliões e continuam se batendo por aí. Marlene Dietrich, por exemplo, causou comoção por usar calças, mas isso em 1920! Quase um século depois, Laerte nos empapa de assombro por ir ao supermercado de saia. Isso diz alguma coisa, não?<br /><br />Eu acho que não é nada fácil ser homem hoje em dia porque não se sabe o que seja isso. Mas, se essa dificuldade fez o engenheiro do primeiro parágrafo ousar se sentar na plateia de um seminário de psicanalistas para se entender, esta é também a melhor notícia possível para um homem. A princípio, os homens nunca precisaram fazer nenhuma revolução para conquistar direitos porque supostamente tinham todos eles garantidos desde sempre. Uma posição cômoda, mas apenas na aparência. Podiam fazer o que bem entendiam. Desde que fossem “homens”. E aí é que morava – e ainda mora, em muitos casos – a prisão. Podiam tudo, desde que fossem uma coisa só.<br /><br />Ser forte e competitivo; sustentar a casa e a família; ter todas as respostas, muitas certezas e nenhuma dúvida; gostar de futebol e de vale-tudo; dar tapas nas costas do colega; falar bastante de mulher, mas jamais de intimidade; nunca demonstrar sensibilidades; dar mesada para a esposa; fazer o imposto de renda; resolver o problema do encanamento... Que peso incomensurável. Era isso ser homem por muitos séculos, sem falar nas guerras. E era preciso estar satisfeito com isso porque, afinal, você estava no topo da cadeia alimentar da espécie, ia reclamar do quê?<br /><br />Acontece que, hoje, nenhuma das características citadas define o que é ser um homem. Assim como nenhuma característica – tradicional ou não – define o que é ser uma mulher. Do mesmo modo que a anatomia também não é mais capaz de definir o que é ser um homem e o que é ser uma mulher. E nem a escolha da carreira ou a posição na sociedade. Se há algo que define o que é ser um homem e o que é ser uma mulher, este algo está fora das palavras. E isso é o que torna Laerte fascinante: ele se apropriou da confusão e tornou-se a indefinição.<br /><br />Graças às mulheres, e também aos homens que ousaram sair do armário (e aqui não me refiro somente à orientação sexual), os homens começam a autorizar-se a vagar sem rumo por aí, cada um do seu modo. Até porque não há caminhos já trilhados para seguir, já que não é mais possível apenas refazer os passos do pai ou do avô – nem é suficiente se contrapor totalmente a eles e segui-los pelo avesso. O que há são vidas a serem inventadas.<br /><br />É claro que muitos homens se arrastam pelas ruas lamentando a perda de lugar. Sem saber o que fazer da existência nem de si, alguns arrotam alto ou espancam gays na tentativa pífia de mostrar que ainda sabem o que são. Perder o lugar e confundir-se não é fácil, não é mesmo. Mas é um espaço inédito de liberdade. É possível arrancar o terno de chumbo e descobrir que pele existe embaixo dele. E faz parte estar ainda em carne viva.<br />Acho que os homens alcançaram, finalmente, um começo de emancipação. E espero que as mulheres tenham a grandeza de estar à altura desses novos homens que começam a surgir. E enfiem a saudade do macho provedor na lata de material reciclável. Porque há muitas mulheres que ainda suspiram de nostalgia do macho provedor, mesmo se achando modernas e liberadas. Pode até ser que esse seja um bom arranjo para alguém, mas já não há garantias. Faz parte da jornada amorosa acolher a confusão dos homens que amamos porque tudo deve ser mesmo muito novo e muito assustador para eles.<br /><br />Uma amiga contava, dias atrás, que seu marido passou uns tempos arrebatado pela agente do FBI da série americana “Fringe” (ótima, aliás!). Ocorre que Olivia Dunham, a dita agente, é uma loira linda, inteligente e destemida. E ocorre que o marido da minha amiga não estava encantado no sentido erótico convencional: ele não queria transar com Olivia Dunham, mas “ser” a agente do FBI.<br /><br />Os leitores com menos imaginação e ainda presos ao velho mundo pensaram nesse instante: o cara é gay. Não, ele não é. Ele pode preferir transar com mulheres – e, no caso, faz minha amiga muito feliz – e se identificar com a agente Olivia Dunham como outros se identificam com os personagens sempre “muito machos” de Sylvester Stallone ou até com o Neymar. Há espaço para tudo. E para todos. Se podemos ter fantasias infinitas, para que se limitar, seja nós o que formos? Minha amiga, que é sábia, achou muito divertido. E, assim, teve a experiência de namorar Olívia Dunham algumas vezes. Ainda não é para qualquer um/a, mas que pena que não é.<br /><br />Lembram da frase mítica? “Uma terra onde os homens são homens, e as mulheres são mulheres”. Ufa, o faroeste se foi e ninguém sabe bem o que é ser homem nem o que é ser mulher nos dias de hoje. E não, os homens também não são de Vênus, nem as mulheres de Marte. Ou será que era o contrário?<br /><br />Se estivermos à altura do nosso tempo, descobriremos que há infinitas possibilidades – e não uma só – de sermos seja lá o que for. Como alguém disse no twitter: “Na vida, não limite-se. Laerte-se!”.<br /><br />*<span style="font-weight:bold;"> Eliane Brum</span>, jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem. É autora de um romance - Uma Duas (LeYa) - e de três livros de reportagem: Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo). E codiretora de dois documentários: Uma História Severina e Gretchen Filme Estrada.Isadora Salomãohttp://www.blogger.com/profile/08803743152202512782noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5466790988107080467.post-28462998403115693632011-12-01T21:29:00.001-02:002011-12-01T21:29:53.656-02:00O (NÃO) PRAZER DAS MAÇÃSCoisas que sempre falei e hoje resolvi escrever...<br /><br />Nunca entendi muito bem a fixação por maçãs que historinhas infantis e lendas bíblicas tentam nos imputar... Sempre achei essas frutas as mais sem-graça do pomar. Duas palavras que as definem: insossas e úteis. Insossas porque... quer dizer, não preciso nem explicar... basta dar uma mordida em uma delas e verá. Maçã verde - meio amarga. Maçã argentina - pó puro, maçuda (a palavra devia vir de maçã!). A maçã nacional é a menos pior. É a comível. É aquela em que identificamos sua segunda definição: útil. A nacional é aquela que compramos na feira ou mercado quando ou moramos com crianças, quando vamos acampar (ótima para limpar os dentes!), quando estamos doentes ou de dieta. E só! Tá bom... Raramente, alguns a compram também quando precisam dela para algum prato específico. Ninguém das minhas relações, óbvio... Não venha me dizer que a-d-o-r-a maçã e que essa é sua fruta preferida que eu não acredito... Posso supor, no máximo, que as histórias infantis ou a Bíblia te influenciaram de tal modo que você simplesmente acredita que gosta, de verdade. Não é inteligente gostar tanto de algo que só nos lembramos quando estamos doentes, necessitados de dentes limpos ou em privação alimentar! Agora, a pergunta que não quer calar... Quem foi o desequilibrado que inventou que a fruta do pecado é a maçã??? Quem, em sã consciência, em pleno paraíso, repleto de uvas, bananas, mangas e caquis, iria perder todo o bem-bom de lá por uma mordida em uma mísera maçã??? Ainda mais por intermédio de uma cobra falante... Tenha paciência! Outra maluquice é a tal Branca de Neve ser ludibriada por uma bruxa vestida de velhinha com a mesma pseudo-fruta! A coitadinha devia estar de dieta e não tinha nada para comer naquela floresta... Alguns estudiosos afirmam que a dita-cuja (a fruta) ao ser cortada ao meio se assemelha ao sexo feminino. Isso pode explicar alguma coisa... Quem sabe... Ok, mas não há quem me faça entender que alguém trate a maçã com tanto respeito e, pior, desejo! Pena que nosso mundo machista não permitiu a Branca e Eva que se "perdessem dos seus mundos" provando da doçura e da maciez de uma bela banana...Isadora Salomãohttp://www.blogger.com/profile/08803743152202512782noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5466790988107080467.post-52848000357772946892011-03-14T18:02:00.002-03:002011-03-14T18:08:35.810-03:00NOSSO RACISMO É UM CRIME PERFEITOApós ler a notícia em que mostra a resposta do cantor Márcio Vítor (Psirico), em pleno circuito/momento carnavalesco, a uma possível declaração racista de um folião-empresário que estava em um camarote, li uma entrevista incrível com o Antropólogo Kabengele Munanga. Um soco na democracia racial brasileira...<br />Boa leitura!<br /><br /><br /><br />Enviado por Adriano S. Ribeiro, seg, 07/03/2011 - 11:39<br />Autor: Adriano S. Ribeiro<br /><br />O antropólogo Kabengele Munanga fala sobre o mito da democracia racial brasileira, a polêmica com Demétrio Magnoli e o papel da mídia e da educação no combate ao preconceito no paísPor Camila Souza Ramos e Glauco FariaFórum - O senhor veio do antigo Zaire que, apesar de ter alguns pontos de contato com a cultura brasileira e a cultura do Congo, é um país bem diferente. O senhor sentiu, quando veio pra cá, a questão racial? Como foi essa mudança para o senhor? <br /><br />Kabengele - Essas coisas não são tão abertas como a gente pensa. Cheguei aqui em 1975, diretamente para a USP, para fazer doutorado. Não se depara com o preconceito à primeira vista, logo que sai do aeroporto. Essas coisas vêm pouco a pouco, quando se começa a descobrir que você entra em alguns lugares e percebe que é único, que te olham e já sabem que não é daqui, que não é como “nossos negros”, é diferente. Poderia dizer que esse estranhamento é por ser estrangeiro, mas essa comparação na verdade é feita em relação aos negros da terra, que não entram em alguns lugares ou não entram de cabeça erguida.<br /><br />Depois, com o tempo, na academia, fiz disciplinas em antropologia e alguns de meus professores eram especialistas na questão racial. Foi através da academia, da literatura, que comecei a descobrir que havia problemas no país. Uma das primeiras aulas que fiz foi em 1975, 1976, já era uma disciplina sobre a questão racial com meu orientador João Batista Borges Pereira. Depois, com o tempo, você vai entrar em algum lugar em que está sozinho e se pergunta: onde estão os outros? As pessoas olhavam mesmo, inclusive olhavam mais quando eu entrava com minha mulher e meus filhos. Porque é uma família inter-racial: a mulher branca, o homem negro, um filho negro e um filho mestiço. Em todos os lugares em que a gente entrava, era motivo de curiosidade. O pessoal tentava ser discreto, mas nem sempre escondia. Entrávamos em lugares onde geralmente os negros não entram.<br /><br />A partir daí você começa a buscar uma explicação para saber o porquê e se aproxima da literatura e das aulas da universidade que falam da discriminação racial no Brasil, os trabalhos de Florestan Fernandes, do Otavio Ianni, do meu próprio orientador e de tantos outros que trabalharam com a questão. Mas o problema é que quando a pessoa é adulta sabe se defender, mas as crianças não. Tenho dois filhos que nasceram na Bélgica, dois no Congo e meu caçula é brasileiro. Quantas vezes, quando estavam sozinhos na rua, sem defesa, se depararam com a polícia?<br /><br />Meus filhos estudaram em escola particular, Colégio Equipe, onde estudavam filhos de alguns colegas professores. Eu não ia buscá-los na escola, e quando saíam para tomar ônibus e voltar para casa com alguns colegas que eram brancos, eles eram os únicos a ser revistados. No entanto, a condição social era a mesma e estudavam no mesmo colégio. Por que só eles podiam ser suspeitos e revistados pela polícia? Essa situação eu não posso contar quantas vezes vi acontecer. Lembro que meu filho mais velho, que hoje é ator, quando comprou o primeiro carro dele, não sei quantas vezes ele foi parado pela polícia. Sempre apontando a arma para ele para mostrar o documento. Ele foi instruído para não discutir e dizer que os documentos estão no porta-luvas, senão podem pensar que ele vai sacar uma arma. Na realidade, era suspeito de ser ladrão do próprio carro que ele comprou com o trabalho dele. Meus filhos até hoje não saem de casa para atravessar a rua sem documento. São adultos e criaram esse hábito, porque até você provar que não é ladrão... A geografia do seu corpo não indica isso.<br /><br />Então, essa coisa de pensar que a diferença é simplesmente social, é claro que o social acompanha, mas e a geografia do corpo? Isso aqui também vai junto com o social, não tem como separar as duas coisas. Fui com o tempo respondendo à questão, por meio da vivência, com o cotidiano e as coisas que aprendi na universidade, depoimentos de pessoas da população negra, e entendi que a democracia racial é um mito. Existe realmente um racismo no Brasil, diferenciado daquele praticado na África do Sul durante o regime do apartheid, diferente também do racismo praticado nos EUA, principalmente no Sul. Porque nosso racismo é, utilizando uma palavra bem conhecida, sutil. Ele é velado. Pelo fato de ser sutil e velado isso não quer dizer que faça menos vítimas do que aquele que é aberto. Faz vítimas de qualquer maneira. <br /><br />Revista Fórum - Quando você tem um sistema como o sul-africano ou um sistema de restrição de direitos como houve nos EUA, o inimigo está claro. No caso brasileiro é mais difícil combatê-lo... <br /><br />Kabengele - Claro, é mais difícil. Porque você não identifica seu opressor. Nos EUA era mais fácil porque começava pelas leis. A primeira reivindicação: o fim das leis racistas. Depois, se luta para implementar políticas públicas que busquem a promoção da igualdade racial. Aqui é mais difícil, porque não tinha lei nem pra discriminar, nem pra proteger. As leis pra proteger estão na nova Constituição que diz que o racismo é um crime inafiançável. Antes disso tinha a lei Afonso Arinos, de 1951. De acordo com essa lei, a prática do racismo não era um crime, era uma contravenção. A população negra e indígena viveu muito tempo sem leis nem para discriminar nem para proteger. <br /><br />Revista Fórum - Aqui no Brasil há mais dificuldade com relação ao sistema de cotas justamente por conta do mito da democracia racial?<br /><br />Kabengele - Tem segmentos da população a favor e contra. Começaria pelos que estão contra as cotas, que apelam para a própria Constituição, afirmando que perante a lei somos todos iguais. Então não devemos tratar os cidadãos brasileiros diferentemente, as cotas seriam uma inconstitucionalidade. Outro argumento contrário, que já foi demolido, é a ideia de que seria difícil distinguir os negros no Brasil para se beneficiar pelas cotas por causa da mestiçagem. O Brasil é um país de mestiçagem, muitos brasileiros têm sangue europeu, além de sangue indígena e africano, então seria difícil saber quem é afro-descendente que poderia ser beneficiado pela cota. Esse argumento não resistiu. Por quê? Num país onde existe discriminação antinegro, a própria discriminação é a prova de que é possível identificar os negros. Senão não teria discriminação.<br /><br />Em comparação com outros países do mundo, o Brasil é um país que tem um índice de mestiçamento muito mais alto. Mas isso não pode impedir uma política, porque basta a autodeclaração. Basta um candidato declarar sua afro-descendência. Se tiver alguma dúvida, tem que averiguar. Nos casos-limite, o indivíduo se autodeclara afrodescendente. Às vezes, tem erros humanos, como o que aconteceu na UnB, de dois jovens mestiços, de mesmos pais, um entrou pelas cotas porque acharam que era mestiço, e o outro foi barrado porque acharam que era branco. Isso são erros humanos. Se tivessem certeza absoluta que era afro-descendente, não seria assim. Mas houve um recurso e ele entrou. Esses casos-limite existem, mas não é isso que vai impedir uma política pública que possa beneficiar uma grande parte da população brasileira.<br /><br />Além do mais, o critério de cota no Brasil é diferente dos EUA. Nos EUA, começaram com um critério fixo e nato. Basta você nascer negro. No Brasil não. Se a gente analisar a história, com exceção da UnB, que tem suas razões, em todas as universidades brasileiras que entraram pelo critério das cotas, usaram o critério étnico-racial combinado com o critério econômico. O ponto de partida é a escola pública. Nos EUA não foi isso. Só que a imprensa não quer enxergar, todo mundo quer dizer que cota é simplesmente racial. Não é. Isso é mentira, tem que ver como funciona em todas as universidades. É necessário fazer um certo controle, senão não adianta aplicar as cotas. No entanto, se mantém a ideia de que, pelas pesquisas quantitativas, do IBGE, do Ipea, dos índices do Pnud, mostram que o abismo em matéria de educação entre negros e brancos é muito grande. Se a gente considerar isso então tem que ter uma política de mudança. É nesse sentido que se defende uma política de cotas.<br /><br />O racismo é cotidiano na sociedade brasileira. As pessoas que estão contra cotas pensam como se o racismo não tivesse existido na sociedade, não estivesse criando vítimas. Se alguém comprovar que não tem mais racismo no Brasil, não devemos mais falar em cotas para negros. Deveríamos falar só de classes sociais. Mas como o racismo ainda existe, então não há como você tratar igualmente as pessoas que são vítimas de racismo e da questão econômica em relação àquelas que não sofrem esse tipo de preconceito. A própria pesquisa do IPEA mostra que se não mudar esse quadro, os negros vão levar muitos e muitos anos para chegar aonde estão os brancos em matéria de educação. Os que são contra cotas ainda dão o argumento de que qualquer política de diferença por parte do governo no Brasil seria uma política de reconhecimento das raças e isso seria um retrocesso, que teríamos conflitos, como os que aconteciam nos EUA.<br /><br />Fórum - Que é o argumento do Demétrio Magnoli. <br /><br />Kabengele - Isso é muito falso, porque já temos a experiência, alguns falam de mais de 70 universidades públicas, outros falam em 80. Já ouviu falar de conflitos raciais em algum lugar, linchamentos raciais? Não existe. É claro que houve manifestações numa universidade ou outra, umas pichações, "negro, volta pra senzala". Mas isso não se caracteriza como conflito racial. Isso é uma maneira de horrorizar a população, projetar conflitos que na realidade não vão existir.<br /><br />Fórum - Agora o DEM entrou com uma ação no STF pedindo anulação das cotas. O que motiva um partido como o DEM, qual a conexão entre a ideologia de um partido ou um intelectual como o Magnoli e essa oposição ao sistema de cotas? Qual é a raiz dessa resistência? <br /><br />Kabengele – Tenho a impressão que as posições ideológicas não são explícitas, são implícitas. A questão das cotas é uma questão política. Tem pessoas no Brasil que ainda acreditam que não há racismo no país. E o argumento desse deputado do DEM é esse, de que não há racismo no Brasil, que a questão é simplesmente socioeconômica. É um ponto de vista refutável, porque nós temos provas de que há racismo no Brasil no cotidiano. O que essas pessoas querem? Status quo. A ideia de que o Brasil vive muito bem, não há problema com ele, que o problema é só com os pobres, que não podemos introduzir as cotas porque seria introduzir uma discriminação contra os brancos e pobres. Mas eles ignoram que os brancos e pobres também são beneficiados pelas cotas, e eles negam esse argumento automaticamente, deixam isso de lado.<br /><br />Fórum – Mas isso não é um cinismo de parte desses atores políticos, já que eles são contra o sistema de cotas, mas também são contra o Bolsa-Família ou qualquer tipo de política compensatória no campo socioeconômico?<br /><br />Kabengele - É interessante, porque um país que tem problemas sociais do tamanho do Brasil deveria buscar caminhos de mudança, de transformação da sociedade. Cada vez que se toca nas políticas concretas de mudança, vem um discurso. Mas você não resolve os problemas sociais somente com a retórica. Quanto tempo se fala da qualidade da escola pública? Estou aqui no Brasil há 34 anos. Desde que cheguei aqui, a escola pública mudou em algum lugar? Não, mas o discurso continua. "Ah, é só mudar a escola pública." Os mesmos que dizem isso colocam os seus filhos na escola particular e sabem que a escola pública é ruim. Poderiam eles, como autoridades, dar melhor exemplo e colocar os filhos deles em escola pública e lutar pelas leis, bom salário para os educadores, laboratórios, segurança. Mas a coisa só fica no nível da retórica.<br /><br />E tem esse argumento legalista, "porque a cota é uma inconstitucionalidade, porque não há racismo no Brasil". Há juristas que dizem que a igualdade da qual fala a Constituição é uma igualdade formal, mas tem a igualdade material. É essa igualdade material que é visada pelas políticas de ação afirmativa. Não basta dizer que somos todos iguais. Isso é importante, mas você tem que dar os meios e isso se faz com as políticas públicas. Muitos disseram que as cotas nas universidades iriam atingir a excelência universitária. Está comprovado que os alunos cotistas tiveram um rendimento igual ou superior aos outros. Então a excelência não foi prejudicada. Aliás, é curioso falar de mérito como se nosso vestibular fosse exemplo de democracia e de mérito. Mérito significa simplesmente que você coloca como ponto de partida as pessoas no mesmo nível.<br /><br />Quando as pessoas não são iguais, não se pode colocar no ponto de partida para concorrer igualmente. É como você pegar uma pessoa com um fusquinha e outro com um Mercedes, colocar na mesma linha de partida e ver qual o carro mais veloz. O aluno que vem da escola pública, da periferia, de péssima qualidade, e o aluno que vem de escola particular de boa qualidade, partindo do mesmo ponto, é claro que os que vêm de uma boa escola vão ter uma nota superior. Se um aluno que vem de um Pueri Domus, Liceu Pasteur, tira nota 8, esse que vem da periferia e tirou nota 5 teve uma caminhada muito longa. Essa nota 5 pode ser mais significativa do que a nota 7 ou 8. Dando oportunidade ao aluno, ele não vai decepcionar.<br /><br />Foi isso que aconteceu, deram oportunidade. As cotas são aplicadas desde 2003. Nestes sete anos, quantos jovens beneficiados pelas cotas terminaram o curso universitário e quantos anos o Brasil levaria para formar o tanto de negros sem cotas? Talvez 20 ou mais. Isso são coisas concretas para as quais as pessoas fecham os olhos. No artigo do professor Demétrio Magnoli, ele me critica, mas não leu nada. Nem uma linha de meus livros. Simplesmente pegou o livro da Eneida de Almeida dos Santos, Mulato, negro não-negro e branco não-branco que pediu para eu fazer uma introdução, e desta introdução de três páginas ele tirou algumas frases e, a partir dessas frases, me acusa de ser um charlatão acadêmico, de professar o racismo científico abandonado há mais de um século e fazer parte de um projeto de racialização oficial do Brasil. Nunca leu nada do que eu escrevi.<br /><br />A autora do livro é mestiça, psiquiatra e estuda a dificuldade que os mestiços entre branco e negro têm pra construir a sua identidade. Fiz a introdução mostrando que eles têm essa dificuldade justamente por causa de serem negros não-negros e brancos não-brancos. Isso prejudica o processo, mas no plano político, jurídico, eles não podem ficar ambivalentes. Eles têm que optar por uma identidade, têm que aceitar sua negritude, e não rejeitá-la. Com isso ele acha que eu estou professando a supressão dos mestiços no Brasil e que isso faz parte do projeto de racialização do brasileiro. Não tinha nada para me acusar, soube que estou defendendo as cotas, tirou três frases e fez a acusação dele no jornal. <br /><br />Fórum - O senhor toca na questão do imaginário da democracia racial, mas as pessoas são formadas para aceitarem esse mito... <br /><br />Kabengele - O racismo é uma ideologia. A ideologia só pode ser reproduzida se as próprias vítimas aceitam, a introjetam, naturalizam essa ideologia. Além das próprias vítimas, outros cidadãos também, que discriminam e acham que são superiores aos outros, que têm direito de ocupar os melhores lugares na sociedade. Se não reunir essas duas condições, o racismo não pode ser reproduzido como ideologia, mas toda educação que nós recebemos é para poder reproduzi-la.<br /><br />Há negros que introduziram isso, que alienaram sua humanidade, que acham que são mesmo inferiores e o branco tem todo o direito de ocupar os postos de comando. Como também tem os brancos que introjetaram isso e acham mesmo que são superiores por natureza. Mas para você lutar contra essa ideia não bastam as leis, que são repressivas, só vão punir. Tem que educar também. A educação é um instrumento muito importante de mudança de mentalidade e o brasileiro foi educado para não assumir seus preconceitos. O Florestan Fernandes dizia que um dos problemas dos brasileiros é o “preconceito de ter preconceito de ter preconceito”. O brasileiro nunca vai aceitar que é preconceituoso. Foi educado para não aceitar isso. Como se diz, na casa de enforcado não se fala de corda.<br /><br />Quando você está diante do negro, dizem que tem que dizer que é moreno, porque se disser que é negro, ele vai se sentir ofendido. O que não quer dizer que ele não deve ser chamado de negro. Ele tem nome, tem identidade, mas quando se fala dele, pode dizer que é negro, não precisa branqueá-lo, torná-lo moreno. O brasileiro foi educado para se comportar assim, para não falar de corda na casa de enforcado. Quando você pega um brasileiro em flagrante de prática racista, ele não aceita, porque não foi educado para isso. Se fosse um americano, ele vai dizer: "Não vou alugar minha casa para um negro". No Brasil, vai dizer: "Olha, amigo, você chegou tarde, acabei de alugar". Porque a educação que o americano recebeu é pra assumir suas práticas racistas, pra ser uma coisa explícita.<br /><br />Quando a Folha de S. Paulo fez aquela pesquisa de opinião em 1995, perguntaram para muitos brasileiros se existe racismo no Brasil. Mais de 80% disseram que sim. Perguntaram para as mesmas pessoas: "você já discriminou alguém?". A maioria disse que não. Significa que há racismo, mas sem racistas. Ele está no ar... Como você vai combater isso? Muitas vezes o brasileiro chega a dizer ao negro que reage: "você que é complexado, o problema está na sua cabeça". Ele rejeita a culpa e coloca na própria vítima. Já ouviu falar de crime perfeito? Nosso racismo é um crime perfeito, porque a própria vítima é que é responsável pelo seu racismo, quem comentou não tem nenhum problema. <br /><br />Revista Fórum - O humorista Danilo Gentilli escreveu no Twitter uma piada a respeito do King Kong, comparando com um jogador de futebol que saía com loiras. Houve uma reação grande e a continuação dos argumentos dele para se justificar vai ao encontro disso que o senhor está falando. Ele dizia que racista era quem acusava ele, e citava a questão do orgulho negro como algo de quem é racista. <br /><br />Kabengele - Faz parte desse imaginário. O que está por trás que está fazendo uma ilustração de King Kong, que ele compara a um jogador de futebol que vai casar com uma loira, é a ideia de alguém que ascende na vida e vai procurar sua loira. Mas qual é o problema desse jogador de futebol? São pessoas vítimas do racismo que acham que agora ascenderam na vida e, para mostrar isso, têm que ter uma loira que era proibida quando eram pobres? Pode até ser uma explicação. Mas essa loira não é uma pessoa humana que pode dizer não ou sim e foi obrigada a ir com o King Kong por causa de dinheiro? Pode ser, quantos casamentos não são por dinheiro na nossa sociedade? A velha burguesia só se casa dentro da velha burguesia. Mas sempre tem pessoas que desobedecem as normas da sociedade.<br /><br />Essas jovens brancas, loiras, também pulam a cerca de suas identidades pra casar com um negro jogador. Por que a corda só arrebenta do lado do jogador de futebol? No fundo, essas pessoas não querem que os negros casem com suas filhas. É uma forma de racismo. Estão praticando um preconceito que não respeita a vontade dessas mulheres nem essas pessoas que ascenderam na vida, numa sociedade onde o amor é algo sem fronteiras, e não teria tantos mestiços nessa sociedade. Com tudo o que aconteceu no campo de futebol com aquele jogador da Argentina que chamou o Grafite de macaco, com tudo o que acontece na Europa, esse humorista faz uma ilustração disso, ou é uma provocação ou quer reafirmar os preconceitos na nossa sociedade. <br /><br />Fórum - É que no caso, o Danilo Gentili ainda justificou sua piada com um argumento muito simplório: "por que eu posso chamar um gordo de baleia e um negro de macaco", como se fosse a mesma coisa. <br /><br />Kabengele - É interessante isso, porque tenho a impressão de que é um cara que não conhece a história e o orgulho negro tem uma história. São seres humanos que, pelo próprio processo de colonização, de escravidão, a essas pessoas foi negada sua humanidade. Para poder se recuperar, ele tem que assumir seu corpo como negro. Se olhar no espelho e se achar bonito ou se achar feio. É isso o orgulho negro. E faz parte do processo de se assumir como negro, assumir seu corpo que foi recusado. Se o humorista conhecesse isso, entenderia a história do orgulho negro. O branco não tem motivo para ter orgulho branco porque ele é vitorioso, está lá em cima. O outro que está lá em baixo que deve ter orgulho, que deve construir esse orgulho para poder se reerguer. <br /><br />Fórum - O senhor tocou no caso do Grafite com o Desábato, e recentemente tivemos, no jogo da Libertadores entre Cruzeiro e Grêmio, o caso de um jogador que teria sido chamado de macaco por outro atleta. Em geral, as pessoas – jornalistas que comentaram, a diretoria gremista – argumentavam que no campo de futebol você pode falar qualquer coisa, e que se as pessoas fossem se importar com isso, não teria como ter jogo de futebol. Como você vê esse tipo de situação? <br /><br />Kabengele - Isso é uma prova daquilo que falei, os brasileiros são educados para não assumir seus hábitos, seu racismo. Em outros países, não teria essa conversa de que no campo de futebol vale. O pessoal pune mesmo. Mas aqui, quando se trata do negro... Já ouviu caso contrário, de negro que chama branco de macaco? Quando aquele delegado prendeu o jogador argentino no caso do Grafite, todo mundo caiu em cima. Os técnicos, jornalistas, esportistas, todo mundo dizendo que é assim no futebol. Então a gente não pode educar o jogador de futebol, tudo é permitido? Quando há violência física, eles são punidos, mas isso aqui é uma violência também, uma violência simbólica. Por que a violência simbólica é aceita a violência física é punida? <br /><br />Fórum - Como o senhor vê hoje a aplicação da lei que determina a obrigatoriedade do ensino de cultura africana nas escolas? Os professores, de um modo geral, estão preparados para lidar com a questão racial? <br /><br />Kabengele - Essa lei já foi objeto de crítica das pessoas que acham que isso também seria uma racialização do Brasil. Pessoas que acham que, sendo a população brasileira uma população mestiça, não é preciso ensinar a cultura do negro, ensinar a história do negro ou da África. Temos uma única história, uma única cultura, que é uma cultura mestiça. Tem pessoas que vão nessa direção, pensam que isso é uma racialização da educação no Brasil.<br /><br />Mas essa questão do ensino da diversidade na escola não é propriedade do Brasil. Todos os países do mundo lidam com a questão da diversidade, do ensino da diversidade na escola, até os que não foram colonizadores, os nórdicos, com a vinda dos imigrantes, estão tratando da questão da diversidade na escola.<br /><br />O Brasil deveria tratar dessa questão com mais força, porque é um país que nasceu do encontro das culturas, das civilizações. Os europeus chegaram, a população indígena – dona da terra – os africanos, depois a última onda imigratória é dos asiáticos. Então tudo isso faz parte das raízes formadoras do Brasil que devem fazer parte da formação do cidadão. Ora, se a gente olhar nosso sistema educativo, percebemos que a história do negro, da África, das populações indígenas não fazia parte da educação do brasileiro.<br /><br />Nosso modelo de educação é eurocêntrico. Do ponto de vista da historiografia oficial, os portugueses chegaram na África, encontraram os africanos vendendo seus filhos, compraram e levaram para o Brasil. Não foi isso que aconteceu. A história da escravidão é uma história da violência. Quando se fala de contribuições, nunca se fala da África. Se se introduzir a história do outro de uma maneira positiva, isso ajuda.<br /><br />É por isso que a educação, a introdução da história dele no Brasil, faz parte desse processo de construção do orgulho negro. Ele tem que saber que foi trazido e aqui contribuiu com o seu trabalho, trabalho escravizado, para construir as bases da economia colonial brasileira. Além do mais, houve a resistência, o negro não era um João-Bobo que simplesmente aceitou, senão a gente não teria rebeliões das senzalas, o Quilombo dos Palmares, que durou quase um século. São provas de resistência e de defesa da dignidade humana. São essas coisas que devem ser ensinadas. Isso faz parte do patrimônio histórico de todos os brasileiros. O branco e o negro têm que conhecer essa história porque é aí que vão poder respeitar os outros.<br /><br />Voltando a sua pergunta, as dificuldades são de duas ordens. Em primeiro lugar, os educadores não têm formação para ensinar a diversidade. Estudaram em escolas de educação eurocêntrica, onde não se ensinava a história do negro, não estudaram história da África, como vão passar isso aos alunos? Além do mais, a África é um continente, com centenas de culturas e civilizações. São 54 países oficialmente. A primeira coisa é formar os educadores, orientar por onde começou a cultura negra no Brasil, por onde começa essa história. Depois dessa formação, com certo conteúdo, material didático de boa qualidade, que nada tem a ver com a historiografia oficial, o processo pode funcionar. <br /><br />Fórum - Outra questão que se discute é sobre o negro nos espaços de poder. Não se veem negros como prefeitos, governadores. Como trabalhar contra isso? <br /><br />Kabengele - O que é um país democrático? Um país democrático, no meu ponto de vista, é um país que reflete a sua diversidade na estrutura de poder. Nela, você vê mulheres ocupando cargos de responsabilidade, no Executivo, no Legislativo, no Judiciário, assim como no setor privado. E ainda os índios, que são os grandes discriminados pela sociedade. Isso seria um país democrático. O fato de você olhar a estrutura de poder e ver poucos negros ou quase não ver negros, não ver mulheres, não ver índios, isso significa que há alguma coisa que não foi feita nesse país. Como construção da democracia, a representatividade da diversidade não existe na estrutura de poder. Por quê?<br /><br />Se você fizer um levantamento no campo jurídico, quantos desembargadores e juízes negros têm na sociedade brasileira? Se você for pras universidades públicas, quantos professores negros tem, começando por minha própria universidade? Esta universidade tem cerca de 5 mil professores. Quantos professores negros tem na USP? Nessa grande faculdade, que é a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), uma das maiores da USP junto com a Politécnica, tenho certeza de que na minha faculdade fui o primeiro negro a entrar como professor. Desde que entrei no Departamento de Antropologia, não entrou outro. Daqui três anos vou me aposentar. O professor Milton Santos, que era um grande professor, quase Nobel da Geografia, entrou no departamento, veio do exterior e eu já estava aqui. Em toda a USP, não sou capaz de passar de dez pessoas conhecidas. Pode ter mais, mas não chega a 50, exagerando. Se você for para as grandes universidades americanas, Harvard, Princeton, Standford, você vai encontrar mais negros professores do que no Brasil. Lá eles são mais racistas, ou eram mais racistas, mas como explicar tudo isso?<br /><br />120 anos de abolição. Por que não houve uma certa mobilidade social para os negros chegarem lá? Há duas explicações: ou você diz que ele é geneticamente menos inteligente, o que seria uma explicação racista, ou encontra explicação na sociedade. Quer dizer que se bloqueou a sua mobilidade. E isso passa por questão de preconceito, de discriminação racial. Não há como explicar isso. Se você entender que os imigrantes japoneses chegaram, nós comemoramos 100 anos recentemente da sua vinda, eles tiveram uma certa mobilidade. Os coreanos também ocupam um lugar na sociedade. Mas os negros já estão a 120 anos da abolição. Então tem uma explicação. Daí a necessidade de se mudar o quadro. Ou nós mantemos o quadro, porque se não mudamos estamos racializando o Brasil, ou a gente mantém a situação para mostrar que não somos racistas. Porque a explicação é essa, se mexer, somos racistas e estamos racializando. Então vamos deixar as coisas do jeito que estão. Esse é o dilema da sociedade. <br /><br />Revista Fórum – como o senhor vê o tratamento dado pela mídia à questão racial? <br /><br />Kabengele - A imprensa faz parte da sociedade. Acho que esse discurso do mito da democracia racial é um discurso também que é absorvido por alguns membros da imprensa. Acho que há uma certa tendência na imprensa pelo fato de ser contra as políticas de ação afirmativa, sendo que também não são muito favoráveis a essa questão da obrigatoriedade do ensino da história do negro na escola.<br /><br />Houve, no mês passado, a II Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial. Silêncio completo da imprensa brasileira. Não houve matérias sobre isso. Os grandes jornais da imprensa escrita não pautaram isso. O silêncio faz parte do dispositivo do racismo brasileiro. Como disse Elie Wiesel, o carrasco mata sempre duas vezes. A segunda mata pelo silêncio. O silêncio é uma maneira de você matar a consciência de um povo. Porque se falar sobre isso abertamente, as pessoas vão buscar saber, se conscientizar, mas se ficar no silêncio a coisa morre por aí. Então acho que o silêncio da imprensa, no meu ponto de vista, passa por essa estratégia, é o não-dito.<br /><br />Acabei de passar por uma experiência interessante. Saí da Conferência Nacional e fui para Barcelona, convidado por um grupo de brasileiros que pratica capoeira. Claro, receberam recursos do Ministério das Relações Exteriores, que pagou minha passagem e a estadia. Era uma reunião pequena de capoeiristas e fiz uma conferência sobre a cultura negra no Brasil. Saiu no El Pais, que é o jornal mais importante da Espanha, noticiou isso, uma coisa pequena. Uma conferência nacional deste tamanho aqui não se fala. É um contrassenso. O silêncio da imprensa não é um silêncio neutro, é um silêncio que indica uma certa orientação da questão racial. Tem que não dizer muita coisa e ficar calado. Amanhã não se fala mais, acabou.<br /><br />Essa matéria é parte integrante da edição impressa da Fórum de agosto. Nas bancas.http://www.revistaforum.com.br/noticias/2009/08/18/nosso_racismo_e_um_crime_perfeito/<br /><br /><br /><br /><br /><br />-Isadora Salomãohttp://www.blogger.com/profile/08803743152202512782noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5466790988107080467.post-71549484203270806022011-03-09T14:15:00.003-03:002011-03-09T14:24:46.760-03:00NÃO HÁ SOCIALISMO SEM FEMINISMOUMA HOMENAGEM À ALEXANDRA KOLLONTAI<br /><br /><br />Lembrança de um texto construído para a IX Conferência da AE-PT da Bahia, no ano de 2006, se não me engano. Uma boa leitura para uma quarta-feira de cinzas precedida de uma terça-feira LILÁS... O 8 de março...<br /><br /><br />***<br /><br />De família abastada e pai general ucraniano, nasceu em 31 de março de 1872, na Finlândia, então incorporada ao Império Russo.<br /><br />Com larga dedicação aos estudos em colégios da elite, a adolescente sonhava então, com a possibilidade de tornar-se professora, e poder, algum dia, mudar-se para uma aldeia perdida, longe de São Petesburgo, longe dos parentes e amigos. Conclui os estudos, já pensando em ser escritora e passa a estudar francês e a literatura russa. <br /><br />Em 1893, apesar da oposição dos pais, casa-se com seu primo, também oficial do Exército, advindo de família pobre cujos pais foram expulsos de suas propriedades no Cáucaso por autoridades. <br /><br />Então dedica-se a escrever sua primeira novela, que trata da igualdade de direitos entre homens e mulheres, mas seu texto foi reprovado por preconceitos morais, pelo melhor conhecedor de literatura da época. Neste período, conheceu o marxismo. <br /><br />"Amava a meu belo marido e dizia a todos que era extraordinariamente feliz. Mas essa felicidade parecia manter-me prisioneira. Eu queria ser livre. O que entendia eu por isso? Eu não queria viver como viviam todas as minhas amigas e conhecidas recém-casadas. O marido ia trabalhar e a mulher ficava em casa, dedicando-se a cozinhar, fazia as compras domésticas.” <br /><br />Já em 1898 inicia sua militância simpatizante aos socialistas. Sua primeira missão foi transportar documentos secretos. Muda-se para Europa e passa a estudar obras de Rosa e Kautski ingressando então, em 1899 no Partido Social Democrata Operário Russo.<br /><br />Resolve, em seguida, abandonar o casamento, por causa, segundo ela, da "tirania do amor" estabelecida pelo marido. Ingressa no Partido Social Democrata Operário Russo (PSDOR) e, pouco depois, parte para a Suíça, a fim de aprofundar seus estudos marxistas, tornando-se, na Universidade, propagandista do PSDOR, escrevendo artigos e fazendo palestras que expunham a política do partido. <br /><br />No ano seguinte, dirige-se para a Inglaterra, interessada em estudar o movimento operário daquele país. Regressando à Rússia, após alguns meses, escreve inúmeros artigos e torna-se uma destacada militante socialista. Participa ativamente do processo revolucionário de 1905, atuando no movimento de mulheres. Aproxima-se de Lênin e da dirigente socialista Vera Zasulich a fim de articular o movimento das mulheres operárias. <br /><br />No sétimo Congresso da II internacional, como única delegada russa, apresenta, com Clara Zetkin, a proposição de campanhas a favor dos direitos das mulheres operárias e o estabelecimento do 8 de março como dia internacional da luta das trabalhadoras.<br /><br />No seu exílio, entre 1908 e março de 1917 ela atua e organiza frentes de ação das mulheres em vários paises da Europa e nos Estados Unidos. Em 1915, ingressou no Partido Bolchevique posicionando-se de forma definitiva em relação à divisão entre as duas alas principais do socialismo russo: bolcheviques e mencheviques.<br /><br />Regressando à Rússia, após a revolução de fevereiro, ela participará ativamente da luta do Partido Bolchevique pela conquista do poder pelo proletariado. Delegada do Soviete de Petrogrado edita o jornal “A Operária” e organiza o primeiro Congresso das Mulheres Operárias de cidade, em que organiza o combate do partido entre as operárias. <br /><br />Torna-se a primeira mulher no mundo a ocupar o cargo de embaixadora, representando o regime na Suécia, México e Noruega.<br /><br />Aos 45 anos, casa-se pela segunda vez, com um marinheiro e revolucionário de grande prestígio, 17 anos mais jovem. <br /><br />Com a ascensão da burocracia comandada por Stalin, após a morte de Lênin, praticamente toda a velha guarda do partido Bolchevique vai ser afastada, primeiro, e eliminada, depois. <br /><br />Alexandra Kollontai morre em 9 de março de 1952, em Petrogrado. <br /> <br />* * *<br /><span style="font-style:italic;">“As mulheres que participaram da Grande Revolução de Outubro. Quem eram elas? Indivíduos isolados? Não. Havia multidões delas; dezenas, centenas e milhares de heroínas anônimas que, marchando lado a lado com os operários e camponeses sob a Bandeira Vermelha e a palavra-de-ordem dos Sovietes, passou por cima das ruínas do czarismo rumo a um novo futuro... <br />Se alguém olhar para o passado, poderá vê-las, essa massa de heroínas anônimas que outubro encontrou vivendo nas cidades famintas, em aldeias empobrecidas e saqueadas pela guerra... O lenço em sua cabeça (muito raramente, até agora, um lenço vermelho), uma saia gasta, uma jaqueta de inverno remendada... Jovens e velhas, mulheres trabalhadoras e esposas de soldados, camponesas e donas-de-casa das cidades pobres. <br />Mais raramente, muito mais raramente nesses dias, secretárias e mulheres profissionais, mulheres cultas e educadas. Mas havia também mulheres da intelligentsia entre aqueles que carregavam a Bandeira Vermelha à vitória de Outubro – professoras, empregadas de escritório, jovens estudantes nas escolas e universidades, médicas. Elas marchavam alegremente, generosamente, cheias de determinação. Elas iam a qualquer parte que fossem enviadas. <br />Para a Guerra? Elas colocavam o quepe de soldado e tornavam-se combatentes no Exército Vermelho. Se elas portassem fitas vermelhas no braço, então corriam para as estações de primeiros-socorros para ajudar o Front Vermelho contra Kerenski na Gatchina. Trabalhavam nas comunicações do exército. Trabalhavam felizes, convictas que alguma coisa significativa estava acontecendo, e que nós somos todas pequenas engrenagens na única classe revolucionária. <br />Nas aldeias, a mulher camponesa (seus maridos tinham sido enviados para a Guerra) tomava a terra dos proprietários e arrancava a aristocracia dos postos onde ela se alojou por séculos. <br />Quando alguém recorda os acontecimentos de Outubro, não vê faces individuais, mas massas. Massas sem número, como ondas de humanidade. Mas onde quer que olhem, vêem homens – em comícios, assembléias, manifestações... <br />Ainda não tinham certeza do que exatamente eles queriam, pelo que lutavam, mas sabiam uma coisa: não iriam continuar suportando a guerra. Nem mesmo desejavam os proprietários de terras e ricos… No ano de 1917, o grande oceano de humanidade se levanta e se agita, e a maior parte desde oceano feita de mulheres… <br />Algum dia a historia escreverá sobre as proezas dessas heroínas anônimas da revolução, que morreram na Guerra, foram mortas pelos Brancos e amargaram incontáveis privações nos primeiros anos seguintes à revolução, mas que continuou a carregar nas costas o Estandarte Vermelho dos Poder Soviético e do comunismo. <br />Isto é para aquelas heroínas anônimas, que morreram para conquistar uma nova vida para a população trabalhadora durante a Grande Revolução de Outubro, para aqueles a quem a nova república agora se curva em reconhecimento ao seu povo jovem, alegre e entusiástico, começando a construir as bases do socialismo. <br />Entretanto, fora deste mar de mulheres de lenços e toucas surradas, inevitavelmente, emergem as figuras daquelas a quem os historiadores devotarão atenção particular, quando, muitos anos depois, eles escreverem sobre a Grande Revolução de Outubro e seu líder, Lênin.” </span><br /><br />* * *<br />Este é um trecho de um dos muitos escritos de Alexandra Kollontai, considerada a mais destacada dirigente feminina da Revolução de Outubro de 1917, responsável pela elaboração da legislação revolucionária do Estado Soviético que, pela primeira vez na história, reconheceu e impôs a igualdade de direitos entre os sexos.<br /><br />Para nós, socialistas e militantes do movimento de mulheres e feminista, a luta contra opressão das mulheres e a construção do socialismo estão ligadas de maneira intrínseca, e são elas que norteiam nossa ação no movimento organizado – especifico e geral, como também em nossa atuação partidária – setorial e geral. <br /><br />Defendemos um feminismo comprometido socialmente, que aposta na afirmação social e política das mulheres, de caráter emancipatório. <br /><br />As bandeiras desse feminismo associadas à causa do Socialismo estão na rua e exigem marcar a nossa agenda política. <br /><br />Alexandra Kollontai já sabia disso:<br /><br />Não há socialismo sem feminismo.<br /><br /><br /><br />_Isadora Salomãohttp://www.blogger.com/profile/08803743152202512782noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5466790988107080467.post-41675603505069406992011-01-15T22:00:00.001-03:002011-01-15T22:03:10.817-03:002011, O ANO MULHER><br />> Reduzir preconceito de gênero não é tarefa fácil para Dilma<br />><br />><br />><br />> Marcelo Semer<br />> De São Paulo (SP)<br />> Dia primeiro de janeiro de 2011, o país assistiu a cena até então inédita:<br />> uma<br />> mulher recebendo a faixa de presidente da República e passando em revista<br />> as<br />> tropas militares.<br />> Enquanto o Brasil parava para ouvir o discurso de Dilma, parte dos<br />> twitteiros<br />> que acompanhavam plugados à cerimônia, se deliciava fazendo comentários<br />> irônicos e maldosos sobre a primeira vice-dama, Marcela Temer.<br />> Loira, jovem e ex-miss, a esposa de Michel Temer virou imediatamente um<br />> trending<br />> topic.<br />> Foi chamada de paquita, diminuída a seus atributos físicos e acusada de<br />> dar o<br />> golpe do baú no marido poderoso e provecto. Tudo baseado na consolidação<br />> de um<br />> enorme estereótipo: diante da diferença de idade que supera quatro décadas<br />> e<br />> uma distância descomunal de poder, influência e cultura, só poderia mesmo<br />> haver<br />> interesses.<br />> Essa é uma pequena mostra do quanto Dilma deve sofrer para romper as<br />> barreiras<br />> atávicas do preconceito de gênero, ainda impregnadas na sociedade.<br />> Se não fosse justamente pela superação dos estereótipos, aliás, Dilma<br />> jamais<br />> teria chegado aonde chegou.<br />> Mulher. Divorciada. Guerrilheira. Ex-prisioneira. Quem diria que seria<br />> eleita<br />> para ser a chefe das Forças Armadas?<br />> Superar estereótipos é o primeiro passo para romper preconceitos.<br />> O exemplo de Lula mostrou, todavia, como sua tarefa não será fácil.<br />> O país aprendeu a conviver com a sapiência de um iletrado retirante, mas<br />> os<br />> preconceitos regionais e o ódio de classe não se esvaziaram tão<br />> facilmente. A<br />> avalanche das "mensagens assassinas", twitteiros implorando por um<br />> "atirador de<br />> elite" na posse, só comprova o resultado alcançado pelo terrorismo<br />> eleitoral.<br />> Dilma sabe dos obstáculos a vencer e é por este motivo que iniciou seu<br />> discurso<br />> enfatizando o caráter histórico do momento que o país vivia, fazendo-se de<br />> exemplo para "que todas as mulheres brasileiras sintam o orgulho e a<br />> alegria de<br />> ser mulher".<br />> Em dois discursos recheados de assertivas e recados, não faltou uma<br />> lembrança<br />> emocionada a seus companheiros de luta contra a ditadura, que tombaram<br />> pelo<br />> caminho.<br />> Mais tarde, receberia pessoalmente suas ex-colegas de prisão. Não esqueceu<br />> das<br />> "adversidades mais extremas infligidas a quem teve a ousadia de enfrentar<br />> o<br />> arbítrio". Não se arrependeu da luta, justificando-se nas palavras de<br />> Guimarães<br />> Rosa: a vida sempre nos cobra coragem.<br />> Mas, mulher, adverte Dilma, não é só coragem, é também carinho.<br />> É essa mulher, misto de coragem e carinho, que seu exemplo espera libertar<br />> do<br />> jugo de uma perene discriminação.<br />> Discriminação que torna desiguais as oportunidades do mercado de trabalho,<br />> que<br />> funda a ideia de submissão, e que avoluma diariamente vítimas de violência<br />> doméstica, encontradas nos registros de agressões corriqueiras e no longo<br />> histórico de crimes ditos passionais, movidos na verdade por demonstrações<br />> explícitas de poder, orgulho e vaidade masculinas.<br />> Temos um longo caminho pela frente na construção da igualdade de gênero.<br />> Nossos tribunais de justiça são predominantemente masculinos, porque os<br />> cargos<br />> de juiz foram explícita ou implicitamente interditados às mulheres durante<br />> décadas. Houve quem justificasse o fato com as intempéries da menstruação<br />> e<br />> quem estipulasse que professora era o limite máximo para a vida<br />> profissional da<br />> mulher.<br />> Nas guerras ou ditaduras, as mulheres além dos suplícios dos derrotados,<br />> ainda<br />> sofrem com freqüência violências sexuais, que simbolicamente representam a<br />> submissão que a vitória militar quer afirmar.<br />> Mulheres são maioria nas visitas semanais de presos. Mas quando elas<br />> próprias<br />> são encarceradas, as filas nas penitenciárias se esvaziam. Com muito<br />> sofrimento<br />> e demora, sua luta é para garantir os direitos já conferidos a presos<br />> homens.<br />> Sem esquecer as incontáveis mulheres de triplas jornadas, discriminadas<br />> pela<br />> condição quase servil de dona de casa, que se obrigam a cumular com suas<br />> tarefas profissionais e maternas.<br />> Que a posse de Dilma ilumine esse horizonte ainda lúgubre de preconceito,<br />> no<br />> qual os estereótipos da mulher burra, submissa e instável, predominam na<br />> sociedade.<br />> E que, enfim, possamos aprender, com as mulheres, a respeitar sua<br />> igualdade e<br />> suas diferenças.<br />> Pois, como ensina Boaventura de Sousa Santos, elas, mais do que ninguém<br />> podem<br />> dizer: "Temos o direito a sermos iguais quando a diferença nos<br />> inferioriza.<br />> Temos o direito a sermos diferentes quando a igualdade nos<br />> descaracteriza".<br />> Façamos, assim, de 2011, um ano mulher.<br /><br /><br /><br />*Isadora Salomãohttp://www.blogger.com/profile/08803743152202512782noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5466790988107080467.post-58558561769397621692011-01-13T11:46:00.001-03:002011-01-13T11:48:20.194-03:00PRESIDENTA, SIM!Marcos Bagno 11 de janeiro de 2011 às 10:58h<br /><br /><br /><br />Se uma mulher e seu cachorro estão atravessando a rua e um motorista embriagado atinge essa senhora e seu cão, o que vamos encontrar no noticiário é o seguinte: “Mulher e cachorro são atropelados por motorista bêbado”. Não é impressionante? Basta um cachorro para fazer sumir a especificidade feminina de uma mulher e jogá-la dentro da forma supostamente “neutra” do masculino. Se alguém tem um filho e oito filhas, vai dizer que tem nove filhos. Quer dizer que a língua é machista? Não, a língua não é machista, porque a língua não existe: o que existe são falantes da língua, gente de carne e osso que determina os destinos do idioma. E como os destinos do idioma, e da sociedade, têm sido determinados desde a pré-história pelos homens, não admira que a marca desse predomínio masculino tenha sido inscrustada na gramática das línguas.<br /><br />Somente no século XX as mulheres puderam começar a lutar por seus direitos e a exigir, inclusive, que fossem adotadas formas novas em diferentes línguas para acabar com a discriminação multimilenar. Em francês, as profissões, que sempre tiveram forma exclusivamente masculina, passaram a ter seu correspondente feminino, principalmente no francês do Canadá, país incomparavelmente mais democrático e moderno do que a França. Em muitas sociedades desapareceu a distinção entre “senhorita” e “senhora”, já que nunca houve forma específica para o homem não casado, como se o casamento fosse o destino único e possível para todas as mulheres. É claro que isso não aconteceu em todo o mundo, e muitos judeus continuam hoje em dia a rezar a oração que diz “obrigado, Senhor, por eu não ter nascido mulher”.<br /><br />Agora que temos uma mulher na presidência da República, e não o tucano com cara de vampiro que se tornou o apóstolo da direita mais conservadora, vemos que o Brasil ainda está longe da feminização da língua ocorrida em outros lugares. Dilma Rousseff adotou a forma presidenta, oficializou essa forma em todas as instâncias do governo e deixou claro que é assim que deseja ser chamada. Mas o que faz a nossa “grande imprensa”? Por decisão própria, com raríssimas exceções, como CartaCapital, decide usar única e exclusivamente presidente. E chovem as perguntas das pessoas que têm preguiça de abrir um dicionário ou uma boa gramática: é certo ou é errado? Os dicionários e as gramáticas trazem, preto no branco, a forma presidenta. Mas ainda que não trouxessem, ela estaria perfeitamente de acordo com as regras de formação de palavras da língua.<br /><br />Assim procederam os chilenos com a presidenta Bachelet, os nicaraguenses com a presidenta Violeta Chamorro, assim procedem os argentinos com a presidenta Cristina K. e os costarricenses com a presidenta Laura Chinchilla Miranda. Mas aqui no Brasil, a “grande mídia” se recusa terminantemente a reconhecer que uma mulher na presidência é um fato extraordinário e que, justamente por isso, merece ser designado por uma forma marcadamente distinta, que é presidenta. O bobo-alegre que desorienta a Folha de S.Paulo em questões de língua declarou que a forma presidenta ia causar “estranheza nos leitores”. Desde quando ele conhece a opinião de todos os leitores do jornal? E por que causaria estranheza aos leitores se aos eleitores não causou estranheza votar na presidenta?<br /><br />Como diria nosso herói Macunaíma: “Ai, que preguiça…” Mas de uma coisa eu tenho sérias desconfianças: se fosse uma candidata do PSDB que tivesse sido eleita e pedisse para ser chamada de presidenta, a nossa “grande mídia” conservadora decerto não hesitaria em atender a essa solicitação. Ou quem sabe até mesmo a candidata verde por fora e azul por dentro, defensora de tantas ideias retrógradas, seria agraciada com esse obséquio se o pedisse. Estranheza? Nenhuma, diante do que essa mesma imprensa fez durante a campanha. É a exasperação da mídia, umbilicalmente ligada às camadas dominantes, que tenta, nem que seja por um simples -e no lugar de um -a, continuar sua torpe missão de desinformação e distorção da opinião pública. <br /><br />Marcos Bagno é professor de Linguística na Universidade de Brasília<br /><br /><br /><br /><br />*Isadora Salomãohttp://www.blogger.com/profile/08803743152202512782noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5466790988107080467.post-82335447427954100122010-10-31T22:54:00.002-03:002010-10-31T22:59:31.559-03:00ELEGEMOS HOJE A PRIMEIRA MULHER PRESIDENTE DO BRASIL - HOJE SOMOS TODAS DILMA<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWvzsvL3l3slGTxnW8quUdR-pyCG6MxmyhGcBssPlyvS59WPYX0_2ncyvWCoJj3IySwk9Ai1MO-k6ojzzuwjz26qPYUwryZLem7Bc7mogxawu0B1v5Aspab-Wb_gHGBHHvEmtNIzMIGfJO/s1600/paulistacrian%C3%A7a-hg.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWvzsvL3l3slGTxnW8quUdR-pyCG6MxmyhGcBssPlyvS59WPYX0_2ncyvWCoJj3IySwk9Ai1MO-k6ojzzuwjz26qPYUwryZLem7Bc7mogxawu0B1v5Aspab-Wb_gHGBHHvEmtNIzMIGfJO/s400/paulistacrian%C3%A7a-hg.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5534394525658043298" /></a>Isadora Salomãohttp://www.blogger.com/profile/08803743152202512782noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5466790988107080467.post-72327749895198311052010-10-19T14:57:00.002-03:002010-10-19T15:06:27.122-03:00O PIANO DE DILMA ROUSSEFF<span style="font-style:italic;">Um texto providencial que recebi por e-mail de um amigo. <br />A autora é Rita Santana. <br />Aproveitem, reflitam e repassem...</span><br /> <br /><br /> Os textos que circulam na internet contra Dilma são preconceituosos e colaboram apenas para a formação de uma sociedade machista e excludente. É tão preconceituoso quanto o discurso de Serra. A imagem da mulher ainda está associada a uma pessoa que tem necessariamente que ser doce, pudica e pacata. Nós, mulheres, somos sempre assim? Vocês se encaixam nos padrões de feminilidade divulgados pela mídia? Todas vocês são Cléo Pires, Luana Piovani ou Larissa Riquelme, a musa da Copa? Acho improvável! Eu estou bem longe desse padrão. Durante o primeiro debate do segundo turno, Serra continuou agredindo com ironias e sarcasmos a candidata e ela reagiu a isso, não como uma musa indefesa, mas como uma mulher com a sua história e o seu currículo poderia, e deveria, reagir: com garra, força, determinação e com fatos, dados, que nós mulheres sabemos empregar muito bem quando nos sentimos ameaçadas e insultadas. Infelizmente, os homens e muitas mulheres - o que é ainda mais triste - não suportam encontrar, no gênero feminino, pessoas combativas, como se todas tivessem que ser cândidas e suaves sempre. Um colega, que vota nela inclusive, perguntou se ela estava de TPM no debate! Recurso, aliás, bastante utilizado pelos homens para desqualificarem nossos discursos, reações, protestos, nossas palavras ríspidas e nossas insatisfações. Como se mulheres fossem destituídas de rispidez, fala, protesto e indignação. Não somos! Temos fala, senhores e senhoras!<br /> <br /> Existem mulheres guerreiras desde sempre no Brasil, podemos citar Maria Quitéria, que até hoje é honrada pelo exército brasileiro pelo seu heroísmo durante a guerra pela Independência da Bahia e do Brasil, e que só foi ao campo de batalha porque se vestiu de homem e fugiu de casa. Após ser reconhecida pelos seus méritos de soldado, teve que pedir ao Imperador que intercedesse junto ao seu pai para que ele a aceitasse de volta. Nunca foi fácil ser uma mulher de luta, de combate. Não acredito que a moça tivesse gestos delicados e jeitinho de fragilidade que nos foram impostos por uma sociedade absolutamente machista; nem que fosse o tipo que se conformasse em ficar fazendo fofoca e bordados enquanto o destino do País estava sendo decidido. Dilma também teve que assumir uma postura durante a ditadura militar, e o fez quando foi absolutamente necessário e isso é motivo de orgulho para todas nós. Era preciso, como agora, interferir, lutar e utilizar armas que colaborassem para o crescimento e a liberdade do Brasil, não para o seu retrocesso histórico. A minha única arma é a minha escrita e meu voto.<br /> <br /> Um dos textos que circulam pela rede parece defender que a mulher deve ter um único marido, nunca se separar, nunca se aventurar em outros amores, nunca lutar por ideais políticos. E todo esse discurso, após tantos anos de conquistas, tantas lutas, tantas mulheres que morreram tentando provar o contrário?! Provar que somos capazes e que temos que quebrar as algemas sociais para sermos felizes, lutando pelos nossos ideais. Afinal, a felicidade não é uma receitinha pronta para simplesmente ser seguida, sem questionamento. A felicidade, às vezes, leitoras de Clarice Lispector, é Clandestina! A felicidade às vezes tem que ser guerrilheira, combativa, inusitada, variada, diversificada, inesperada, múltipla, herética e errática!<br /> <br /> O texto, que me moveu a escrever, é muito antiquado e feito para destruir a imagem da candidata Dilma. Entretanto, o que ele destrói é a imagem de Serra e dos seus comparsas que reproduzem o pensamento de que cabe à mulher um papel silencioso e submisso diante da história do País e da sua própria história. O período de ditadura, que vivemos no passado, não foi fácil e muitos ficaram aqui para lutar contra a opressão, de forma armada sim, porque era a única forma de combater aquele regime, ele sim, assassino. Corpos de guerrilheiros, artistas, jovens, escritores, pais e mães de família, militantes, ainda hoje são procurados por seus familiares. Viúvas ainda sonham em enterrar os seus mortos.<br /> <br /> Mulheres como Luíza Mahim, que participou da revolta dos Malês, aqui na Bahia, cujo filho Luís Gama, abolicionista, foi vendido ainda pequeno como escravo pelo próprio pai, certamente não são o tipo de mulher que a sociedade e algumas mulheres aceitem facilmente. Mas foram elas que fizeram a história. Foram mulheres que enfrentaram os olhares de repúdio e desprezo, os ataques e as calúnias, que construíram o País. Maria Filipa, negra, na ilha de Itaparica lutando capoeira e pensando de forma estratégica, conseguiu incendiar embarcações portuguesas e, assim, ajudar na nossa libertação. Mulheres assim são insubordinadas, não se acomodam com a classe ou a casa confortável dos seus pais ou maridos, ignorando o resto da população miserável e oprimida. Mulheres assim participam de movimentos sociais, lutam, amam, separam, brigam, estudam, divorciam, amancebam, assumem postos de poder, escrevem, e atuam para a transformação social. Algumas delas assumem a Presidência da República e não podem ser jogadas na fogueira do preconceito por causa disso! Estão ateando fogo e jogando pedra em Dilma, cujo pecado é disputar a Presidência da República. A Inquisição já acabou! Quem são os inquisidores de hoje e que armas eles utilizam? A internet?<br /> <br /> Se não fosse a ousadia de uma Chiquinha Gonzaga, mulata, bastarda, não teríamos a nossa primeira maestrina capaz de compor músicas tão lindas, afinal, a sociedade do século XIX não aceitava mulher tocando o piano (vejam como o piano é velho e simbólico dentro da educação de mulheres no País), senão, dentro de casa e para o seu marido e os seus convidados. Ou seja, o piano era restrito ao espaço privado. O piano de Chiquinha queria mais! O piano de Chiquinha gritava para sair de dentro de casa e tomar as ruas, os bares, os boêmios, os negros excluídos da época. Porque a música que a interessava estava entre eles, produzida por negros. Isso era inaceitável para aquela sociedade. Mas a música de Chiquinha exigia mais! E ela enfrentou e combateu a todos para seguir o seu talento, o seu desejo!<br /> <br /> Dilma também não aceitou administrar, apenas, a economia doméstica, como tantas de nós fazemos, e somos, até, elogiadas pelos homens por isso. Dilma regeu a administração do País inteiro ao lado do Presidente Lula, que preteriu a muitos nomes tradicionais do Partido, contrariou a muitos, inclusive a mim, no princípio, ao eleger como sua candidata, a sua preferida, Dilma. Certamente não o fez pelos seus encantos pessoais, nem pela sua beleza. Foi a sua competência que desviou o Presidente dos nomes esperados e sinalizados pelo Partido. Não deve ter sido fácil fazer essa opção, mas ele o fez com coragem e enfrentamento. <br /> <br />Voltando a Chiquinha, era necessário ir pros botecos, tocar com os negros e abandonar os seus filhos, pois não poderia criá-los sem a estabilidade do lar e do marido, sem a aprovação social da época. Assim é Dilma! Ela não poderia ser tão competente, aos olhos do maior Presidente da história brasileira, o nosso cara, e limitar a sua atuação ao anonimato da burocracia do governo! Era pouco e o presidente Lula, nordestino, sensível, homem surpreendente e encantador, percebeu isso. Ela era digna e capaz de ocupar o posto mais alto do País, não pela sua beleza ou simpatia, mas pela sua capacidade de gerir, administrar áreas comumente ocupadas por homens. Ministra das Minas e Energias, liderando a Petrobrás, tomando conta da Casa Civil. Mas o povo e, particularmente, algumas mulheres queriam que ela fosse simpática, agradável, doce. Lembro que o nosso povo votou em Collor porque muitos (e muitas) o consideravam bonito!!! Lula teve que suar e o povo que sofrer muito até colocá-lo no poder, e ele iniciar uma revolução democrática no País. As elites, que são muitas, não se conformam porque a população pobre, negra está ocupando, também, espaços sempre destinados às classes sociais elevadas. O povo está nas Universidades.<br /> <br /> Com esse tipo de e-mail, estamos colaborando para o preconceito contra a mulher, contra a liberdade, contra a inteligência como um atributo feminino. São mães que estão negando às suas filhas a possibilidade de termos uma mulher, indicada por Lula, para dar continuidade às transformações sociais que as atingem diretamente. Suas filhas também serão mais respeitadas a partir de agora. Nós mulheres seremos mais ouvidas a partir de agora. Nossos discursos serão menos desprezados. Somos responsáveis pelos e-mails que enviamos e as idéias que eles divulgam. Leio os textos e vejo um exercício de manipulação dos fatos; vejo o retorno de um tempo tão longínquo (hoje eu já tenho 41 anos), onde propalavam que os vermelhos comunistas comiam criancinhas. Agora dona Mônica Serra diz que Dilma é assassina de criancinhas. Parece que essa gente subestima a NOSSA inteligência, a nossa capacidade de discernimento, a nossa capacidade crítica.<br /> <br /> Sobre o aborto! Dilma hoje já prometeu não enviar leis para serem aprovadas nesse sentido. O que é perfeitamente compreensível nesse País tão cheio de pudores religiosos, onde os evangélicos ocupam de forma acintosa tantos canais de televisão, fazendo uma campanha acirrada contra a nossa candidata, que parece encarnar para os fanáticos a própria Eva ou Lilith. Quantas mulheres conhecemos que praticaram uma vez na vida algum aborto? Conhecem alguma mulher pobre que morreu em mãos de açougueiros ou tomando remédios por conta própria? Eu conheço! E sei que ela não teria morrido se o meu País não fosse tão hipócrita e ela pudesse ter sido atendida por um médico de verdade, com assistência legal. Afinal, a sua “escolha” de não ser mãe, naquele momento, já era tão difícil, tão dolorosa e triste, pessoal e intransferível. A sua morte abalou a todos daquela comunidade. Um abalo silencioso e proibido. Que ela tivesse, pelo menos, assistência médica; que não fosse tratada como bandida, que não morresse. São mulheres cidadãs e trabalhadoras que muitas vezes recorrem a essa – única - saída. Quantas casadas, decentes, honradas, amadas, vocês conhecem que também já o fizeram correndo risco de morte? O risco deve continuar? Até quando? Em nome de quê? O aborto legalizado ainda é um tabu nesse País de mulheres tão santas, católicas e evangélicas. País de não pecadoras! É hipocrisia considerar que não é preciso discutir a necessidade de adotarmos medidas de saúde pública para conter o número imenso de mulheres pobres, negras e brancas, mortas por praticarem aborto, pois as ricas têm assistência médica. É simples!<br /> <br /> Essa certamente não é a plataforma de governo de Dilma! Os seus planos para o País são estruturais e ideológicos e vão além. Mas o aborto é o alvo principal dos seus inimigos. Dilma não legalizará o aborto, fiquem tranqüilos! Ela já o prometeu! Está prometido aos evangélicos! Aqui ninguém o pratica e ninguém morre assim, certamente os números alarmantes apontados pelas pesquisas são uma ilusão, um engano. Além do mais, somos muito católicos e evangélicos para pensarmos nessa possibilidade. Vejam que as pedras do velho testamento continuam sendo atiradas contra a Mulher. Jesus veio e enfrentou o apedrejamento, lembrem-se! A adúltera não foi morta, pois alguém tinha que atirar a primeira pedra. Alguém que nunca tivesse pecado! A mulher foi salva por Jesus Cristo, no entanto, o que é essa guerra conta Dilma senão um apedrejamento simbólico, tão selvagem contra o bíblico?! A sede da nossa sociedade de punir a mulher que desobedece às leis sociais, que peca por contrariar o desejo masculino, por invadir um espaço social, público, destinado aos homens. Peca por disputar o poder com um homem que fala em nome da moral e dos bons costumes, com o visível propósito de atingir a candidata, como se ela e a sua biografia não fossem dignas. Serra com a sua moral falaciosa! Um homem agressivo, acintoso, que utiliza do cinismo o tempo inteiro para atrair aqueles que também se querem virtuosos e virtuosas. Hipócritas! Gente com a sanha do apedrejamento, que deve ser um desejo coletivo inconsciente capaz de mobilizar as massas para grandes espetáculos mórbidos, como acontecia durante a Inquisição. Vamos ver as bruxas morrerem na fogueira! E se possível vamos apedrejá-las também!<br /> <br />A mulher que sai da toca e afirma-se como um ser pensante e participativo, que pega em armas como Maria Quitéria, como Anita Garibaldi, como Olga Benario. Elas são mulheres muito próximas de Dilma, parceiras, companheiras (aquelas que dividem o pão) e certamente jamais teriam como amante, marido, namorado, companheiro um tipo como José Serra. Certamente - e aqui vai o meu delírio utópico/poético - essas mulheres amavam homens intensos e verdadeiros, atraentes, sedutores e, principalmente, sonhadores. Homens que respeitavam seus discursos e acreditavam no direito da mulher de ser Grande. Certamente seriam homens que se orgulham do poder feminino e da sua capacidade de gerir empresas, como Dilma, e de gerar filhos, também como Dilma! Jamais um forjado Zé Serra capaz de divulgar esse tipo de pensamento sobre sua adversária política e de tratá-la de forma tão grosseira e deselegante. Um casca grossa!<br /> <br />Parece que a sociedade acredita na mulher apenas administrando a sua cozinha. Mas Dilma, Chiquinha, Luíza, Anita, Olga, Filipa, Quitéria, Joana Angélica, quiseram bem mais. O texto que me moveu faz alusão ao piano que Dilma tinha na casa dos pais. Moça de família! O piano foi a arma de Chiquinha Gonzaga, mas o piano de Dilma não respondia às necessidades de transformação social que ela aspirava. Por isso, certamente, Dilma, foi fazer política e suas armas foram e são outras. O falo da fala, como diria Maria Rita Kell.<br /> <br /> Um beijo, companheiras históricas de tantas batalhas que ainda temos que enfrentar! E que a fama de que nós, mulheres, não somos solidárias umas com as outras não seja consolidada nesse momento histórico do País. Sejamos solidárias com a competência de Dilma e com a sua qualificação para dirigir o nosso País. <br /><br /><br /><br />(Abaixo, uma música de Chiquinha Gonzaga para abrandar e encantar nossas almas. "Amor no coração" é a música.)<br /><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Amor No Coração</span><br />Chiquinha Gonzaga<br />Composição: Chiquinha Gonzaga / Zuca Gonzaga<br /><br />Você me derrubou<br />Mais eu me levantei<br />Você me machucou<br />Mais eu te perdoei<br /><br />Agora eu quero ver<br />O que tu vai fazer<br />O que tu fez comigo<br />Eu não faço com você<br /><br />Eu só queria que você me esquecesse<br />Faça de conta que você nunca me viu<br />Não tenho medo da tua insinuação<br />A melhor coisa do mundo<br />É ter amor no coração<br /><br /><br /><br /><br />+Isadora Salomãohttp://www.blogger.com/profile/08803743152202512782noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5466790988107080467.post-37857779769154025902010-10-07T21:02:00.000-03:002010-10-07T21:03:49.696-03:00QUE TAL ABORTAR A HIPOCRISIA?Paulo Moreira Leite, no blog da Época<br /><br />A discussão sobre a discriminalização do aborto foi um tema da reta final do primeiro turno e deve permanecer na segunda fase da campanha presidencial.<br /><br />Há um lado peculiar nessa discussão. Ninguém falou de aborto nos últimos anos. Os vários projetos sobre o assunto, no Congresso jamais mereceram atenção da imprensa nem dos partidos políticos. Ficaram adormecidos e eram lembrados, como bandeira feminista, nos festejos de 8 de março ou outras datas semelhantes.<br />Na última semana da campanha, o debate surgiu.<br /><br />Por que? Honestamente, só há uma explicação política: era uma forma de prejudicar a candidatura de Dilma Rouseff e tentar impedir sua vitória no primeiro turno.<br /><br />Não é uma conspiração. É uma intervenção política, nos subterrâneos da campanha. É dificil imaginar que o aborto tenha surgido de forma espontânea. Foi um assunto provocado, de fora para dentro. Todos os grandes candidatos têm suas conexões religiosas e seus aliados neste universo.<br /><br />Da mesma forma que um partido pode mobilizar sindicatos para defender uma candidatura ou um grupo de empresários para conseguir apoio, outra legenda pode mobilizar uma liderança religiosa para prejudicar um adversário.<br /><br />Os adversários de Dilma descobriram um ponto sensível, onde seria possível atingir a candidata e colocaram o assunto na internet, produzindo o estrago que se conhece. Não é um ataque sem base.<br /><br />A posição de Dilma e do PT modificou-se ao longo do tempo. O PT decidiu não colocar o assunto em discussão na campanha eleitoral, ainda que ele tivesse surgido na primeira versão do Plano Nacional de Direitos Humanos, sendo extirpado por decisão do presidente Lula, que não teve receio de desautorizar seus próprios auxiliares. O eleitor tem o direito de saber que a liderança religiosa que condena um concorrente em função dessa questão tem vínculos com determinada candidatura e trabalha para ela.<br /><br />Quem acha necessário levantar a discusssão deve fazer isso de modo transparente, e não na forma de insinuações e acusações pela internet. O esforço para criar um debate sem origem é revelador de uma operação eleitoral, de quem quer cativar o eleitor religioso sem perder apoio junto a setores da classe média urbana que tem outra visão sobre o assunto e pode achar esse comportamento reacionário e inaceitável.<br /><br />A falta de interesse que o aborto costuma provocar na vida cotidiana do país só ressalta o caráter artificial dessa discussão agora.<br /><br />Por exemplo: lendo a Folha de hoje descobri que o PV é a favor da legalização do aborto desde 2005. É espantoso, quando se recorda que é justamente o partido de Marina Silva.<br /><br />(O PV também é a favor da legalização da maconha, diz o jornal. Não duvido que uma pesquisa aprofundada descubra uma resolução de algum encontro verde a favor de casamentos de homossexuais…)<br /><br />Não acho essa revelação sobre a posição do PV sobre a legalização do aborto escandalosa. É sintomática.<br /><br />A sociedade brasileira convive há muitos anos com o aborto, que é tolerado em todas as famílias com uma única diferença. Quando a pessoa tem posses, pode submeter-se a uma cirurgia como tantas outras. Caso contrário, é submetida a intervenções de risco. O debate é uma questão de saúde pública, acima de tudo.<br /><br />Não conheço ninguém que seja a favor do aborto. Mas conheço muitas mulheres que realizaram um aborto porque não se sentiam capazes de criar um filho sob determinadas condições — o que me parece uma atitude tão respeitável como a daquela que não realiza o aborto por uma postura ética de não atentar contra a aquela forma de vida humana.<br /><br />Acredito nos políticos que dizem que são contrários ao aborto. Não conheço nenhuma pessoa que, em pleno gozo de sua saúde mental, seja a favor de interromper o desenvolvimento de um feto, de modo gratuito, em vez de utilizar métodos anticoncepcionais.<br /><br />Na vida pública, nossos políticos se comportam da mesma forma, independente de cor, filiação partidária ou origem religiosa: toleram o aborto. Por essa razão as clínicas que realizam esse tipo de cirurgia funcionam de forma discreta e jamais são incomodadas pelas autoridades. A partir de uma certa idade, toda mulher brasileira sabe onde pode encontrar o nome de um médico que pode interromper sua gravidez. Marie Claire, uma das grandes revistas do país, tem posição editorial firmada a favor da discriminalização do aborto.<br /><br />Periodicamente, os jornais e revistas entrevistam celebridades que já fizeram aborto — e nada lhes acontece, ao contrário do que ocorreu com o galã Dado Dolabella, que será processado porque recentemente foi apanhado com algumas gramas de maconha.<br /><br />Na prática, o país caminha em direção à discriminalização — mesmo que nem sempre seja conveniente admitir isso. Essa discussão envolve um debate necessário e será lamentável se o assunto for transformado em troféu de uma guerra eleitoral.<br /><br />Estamos num desses casos em que raramente se diz aquilo que se faz. Concorda?<br /><br /><br /><br />_Isadora Salomãohttp://www.blogger.com/profile/08803743152202512782noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5466790988107080467.post-12476351638449433372010-09-12T15:03:00.003-03:002010-09-12T15:06:03.664-03:0011 DE SETEMBRO - A HISTÓRIA NÃO DEVE SER ESQUECIDAPara não esquecermos...<br /><br />http://www.youtube.com/watch?v=7vrSq4cievs&feature=player_embedded<br /><br />Bjo<br />ISa<br /><br /><br />+Isadora Salomãohttp://www.blogger.com/profile/08803743152202512782noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5466790988107080467.post-50873697921102407312010-08-23T09:51:00.001-03:002010-08-23T10:01:01.111-03:00O GENIAL QUINOQuino, autor da Mafalda, desiludido com o rumo deste século no que diz respeito<br />a valores e educação, deixou impresso no cartoon o seu sentimento:<br /><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaZNbJad0yYkZacJefSWe1GS2SWohZuLJB9MXXqIYsVgKUzBC9aOKmCl_QGPdx6I6aehghZ_JNYgvXg-lo1IFc5TST18jpAS7_MF7BYxRAl8zjy0AAmmx31E8kbq2K-pjWsA-a_hwv3GXe/s1600/QUINO7.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 254px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaZNbJad0yYkZacJefSWe1GS2SWohZuLJB9MXXqIYsVgKUzBC9aOKmCl_QGPdx6I6aehghZ_JNYgvXg-lo1IFc5TST18jpAS7_MF7BYxRAl8zjy0AAmmx31E8kbq2K-pjWsA-a_hwv3GXe/s400/QUINO7.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5508589435655367186" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgxQjqQ93WBDHNZl-iT64Zsmln_jxn5KzfOxTgBqOVAVM4-rFC-oCaBjO9NWA8iILnod2FV74meVvyb5oPs2D6U5f9CejPzOhRiAzKNEDdqkEjJIV11VE8UPkHE_Hs3cqPW8fnnmSPz5wo/s1600/QUINO6.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 254px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgxQjqQ93WBDHNZl-iT64Zsmln_jxn5KzfOxTgBqOVAVM4-rFC-oCaBjO9NWA8iILnod2FV74meVvyb5oPs2D6U5f9CejPzOhRiAzKNEDdqkEjJIV11VE8UPkHE_Hs3cqPW8fnnmSPz5wo/s400/QUINO6.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5508589343453736482" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjdMdQFsoyJYXLPIPyVG6nzzkc66JWvG8SfwjOS9BjCz-sfmSBJwIGawJjDSNV4tHrc8VuDTGAwZOdrn_s6ixMMBFU0GL_6h1A3B9S2OLlWBaBBzUiBc3gAjH_664ASUMHkgNz1sICnJp2/s1600/QUINO5.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 254px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjdMdQFsoyJYXLPIPyVG6nzzkc66JWvG8SfwjOS9BjCz-sfmSBJwIGawJjDSNV4tHrc8VuDTGAwZOdrn_s6ixMMBFU0GL_6h1A3B9S2OLlWBaBBzUiBc3gAjH_664ASUMHkgNz1sICnJp2/s400/QUINO5.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5508589268206616610" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgh-zfLE8MGAOdy5UyxEXytS4mOcOZ6DT2z_VVRPPtJ6heqZNmvczgelp_upqJ8FsWNG-qfGmDwRBQYEj2uZqG3zUroCmh94zBXwS5KBMRpDbmhRH1h37GkabhAizNRFrysYyscYd1YX25q/s1600/QUINO4.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 254px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgh-zfLE8MGAOdy5UyxEXytS4mOcOZ6DT2z_VVRPPtJ6heqZNmvczgelp_upqJ8FsWNG-qfGmDwRBQYEj2uZqG3zUroCmh94zBXwS5KBMRpDbmhRH1h37GkabhAizNRFrysYyscYd1YX25q/s400/QUINO4.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5508589114526654354" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgE0yIehtKa1DuU_dAjsmp4i_R1QaJ0zc2UOaCI5UcA91X0sILvhVJHnT5Uj8Vj0voWDNBwEaW9hwUDsUhaAdA-YGm540DyipeOy3Q5gNc5hgEU6IHv4tFivDB1GxJVaLyyUM9i2u_CPtb8/s1600/QUINO3.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 254px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgE0yIehtKa1DuU_dAjsmp4i_R1QaJ0zc2UOaCI5UcA91X0sILvhVJHnT5Uj8Vj0voWDNBwEaW9hwUDsUhaAdA-YGm540DyipeOy3Q5gNc5hgEU6IHv4tFivDB1GxJVaLyyUM9i2u_CPtb8/s400/QUINO3.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5508588962189306546" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibnkY2rr0l97cUt65Gwu6oxizr2F4xG_lSfHSCbLYx-DIWSURFY92R6Azcrasjc8m-4gtei9HNmM9Aq-Ad0Nfm6CsRKNkJZC7xOV2VdtlrRykmsxoZSbR3T4Q_ncIH6xLeU53p1UEjSgpr/s1600/QUINO2.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 254px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibnkY2rr0l97cUt65Gwu6oxizr2F4xG_lSfHSCbLYx-DIWSURFY92R6Azcrasjc8m-4gtei9HNmM9Aq-Ad0Nfm6CsRKNkJZC7xOV2VdtlrRykmsxoZSbR3T4Q_ncIH6xLeU53p1UEjSgpr/s400/QUINO2.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5508588793798674898" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_kVjX0GHLjcu0Lq-MbFBJ0Upav5BcUsWGe0nXcEksp51HrjlZpsTYA1uIbnHNEbmsrgs-JKFbBLCxXb5dVvQAK49IU4EImhKNSPHdOEKbzTDh1FD6SAsWWtvNEMJNYsl7mp0ImpBRh8L5/s1600/QUINO1.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 254px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_kVjX0GHLjcu0Lq-MbFBJ0Upav5BcUsWGe0nXcEksp51HrjlZpsTYA1uIbnHNEbmsrgs-JKFbBLCxXb5dVvQAK49IU4EImhKNSPHdOEKbzTDh1FD6SAsWWtvNEMJNYsl7mp0ImpBRh8L5/s400/QUINO1.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5508588596203739282" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCfkT7vl1xFD6AcdHIg_MSTbSTABtBwI0NCoDnoxXpJeAqmVqrzYFpEhfNqLbfuwDA_l9W-fS2d-dyVxt3lWEXnpBfM3oGv8lFPFOlTrltqJ8ALxTW44FvAI01JAhrNHF4KGx9mHn5FpAg/s1600/QUINO.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 254px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCfkT7vl1xFD6AcdHIg_MSTbSTABtBwI0NCoDnoxXpJeAqmVqrzYFpEhfNqLbfuwDA_l9W-fS2d-dyVxt3lWEXnpBfM3oGv8lFPFOlTrltqJ8ALxTW44FvAI01JAhrNHF4KGx9mHn5FpAg/s400/QUINO.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5508587845264240610" /></a>Isadora Salomãohttp://www.blogger.com/profile/08803743152202512782noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5466790988107080467.post-74188344055586071312010-07-22T09:49:00.003-03:002010-07-22T09:54:52.296-03:00"EU NÃO SEI DO QUE ELE É CAPAZ"<span style="font-weight:bold;">A brutalidade não é constitutiva da natureza masculina, mas um dispositivo de uma sociedade que reduz as mulheres a objetos de prazer e consumo dos homens</span><br /><br />Por Débora Diniz<br /><br />original publicado na UNESC<br /><br /> <br /><br />Eliza Samudio está morta. Ela foi sequestrada, torturada e assassinada. Seu corpo foi esquartejado para servir de alimento para uma matilha de cães famintos. A polícia ainda procura vestígios de sangue no sítio em que ela foi morta ou pistas do que restou do seu corpo para fechar esse enredo macabro. As investigações policiais indicam que os algozes de Eliza agiram a pedido de seu ex-namorado, o goleiro do Flamengo, Bruno. Ele nega ter encomendado o crime, mas a confissão veio de um adolescente que teria participado do sequestro de Eliza. Desde então, de herói e "patrimônio do Flamengo", nas palavras de seu ex-advogado, Bruno tornou-se um ser abjeto. Ele não é mais aclamado por uma multidão de torcedores gritando em uníssono o seu nome após uma partida de futebol. O urro agora é de "assassino".<br /><br />O que motiva um homem a matar sua ex-namorada? O crime passional não é um ato de amor, mas de ódio. Em algum momento do encontro afetivo entre duas pessoas, o desejo de posse se converte em um impulso de aniquilamento: só a morte é capaz de silenciar o incômodo pela existência do outro. Não há como sair à procura de razoabilidade para esse desejo de morte entre ex-casais, pois seu sentido não está apenas nos indivíduos e em suas histórias passionais, mas em uma matriz cultural que tolera a desigualdade entre homens e mulheres. Tentar explicar o crime passional por particularidades dos conflitos é simplesmente dar sentido a algo que se recusa à razão. Não foi o aborto não realizado por Eliza, não foi o anúncio de que o filho de Eliza era de Bruno, nem foi o vídeo distribuído no YouTube o que provocou a ira de Bruno. O ódio é latente como um atributo dos homens violentos em seus encontros afetivos e sexuais.<br /><br />Como em outras histórias de crimes passionais, o final trágico de Eliza estava anunciado como uma profecia autorrealizadora. Em um vídeo disponível na internet, Eliza descreve os comportamentos violentos de Bruno, anuncia seus temores, repete a frase que centenas de mulheres em relacionamentos violentos já pronunciaram: "Eu não sei do que ele é capaz". Elas temem seus companheiros, mas não conseguem escapar desse enredo perverso de sedução. A pergunta óbvia é: por que elas se mantêm nos relacionamentos se temem a violência? Por que, jovem e bonita, Eliza não foi capaz de escapar de suas investidas amorosas? Por que centenas de mulheres anônimas vítimas de violência, antes da Lei Maria da Penha, procuravam as delegacias para retirar a queixa contra seus companheiros? Que compaixão feminina é essa que toleraria viver sob a ameaça de agressão e violência? Haveria mulheres que teriam prazer nesse jogo violento?<br /><br />Não se trata de compaixão nem de masoquismo das mulheres. A resposta é muito mais complexa do que qualquer estudo de sociologia de gênero ou de psicologia das práticas afetivas poderia demonstrar. Bruno e outros homens violentos são indivíduos comuns, trabalhadores, esportistas, pais de família, bons filhos e cidadãos cumpridores de seus deveres. Esporadicamente, eles agridem suas mulheres. Como Eliza, outras mulheres vítimas de violência lidam com essa complexidade de seus companheiros: homens que ora são amantes, cuidadores e provedores, ora são violentos e aterrorizantes. O difícil para todas elas é discernir que a violência não é parte necessária da complexidade humana, e muito menos dos pactos afetivos e sexuais. É possível haver relacionamentos amorosos sem passionalidade e violência. É possível viver com homens amantes, cuidadores e provedores, porém pacíficos. A violência não é constitutiva da natureza masculina, mas sim um dispositivo cultural de uma sociedade patriarcal que reduz os corpos das mulheres a objetos de prazer e consumo dos homens.<br /><br />A violência conjugal é muito mais comum do que se imagina. Não foi por acaso que, quando interpelado sobre um caso de violência de outro jogador de seu clube de futebol, Bruno rebateu: "Qual de vocês que é casado não discutiu, que não saiu na mão com a mulher, né cara? Não tem jeito. Em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher". Há pelo menos dois equívocos nessa compreensão estreita sobre a ordem social. O primeiro é que nem todos os homens agridem suas companheiras. Embora a violência de gênero seja um fenômeno universal, não é uma prática de todos os homens. O segundo, e mais importante, é que a vida privada não é um espaço sacralizado e distante das regras de civilidade e justiça. O Estado tem o direito e o dever de atuar para garantir a igualdade entre homens e mulheres, seja na casa ou na rua. A Lei Maria da Penha é a resposta mais sistemática e eficiente que o Estado brasileiro já deu para romper com essa complexidade da violência de gênero.<br /><br />Infelizmente, Eliza Samudio está morta. Morreu torturada e certamente consciente de quem eram seus algozes. O sofrimento de Eliza nos provoca espanto. A surpresa pelo absurdo dessa dor tem que ser capaz de nos mover para a mudança de padrões sociais injustos. O modelo patriarcal é uma das explicações para o fenômeno da violência contra a mulher, pois a reduz a objeto de posse e prazer dos homens. Bruno não é louco, apenas corporifica essa ordem social perversa.<br /><br />Outra hipótese de compreensão do fenômeno é a persistência da impunidade à violência de gênero. A impunidade facilita o surgimento das redes de proteção aos agressores e enfraquece nossa sensibilidade à dor das vítimas. A aplicação do castigo aos agressores não é suficiente para modificar os padrões culturais de opressão, mas indica que modelo de sociedade queremos para garantir a vida das mulheres.<br /><br /> <br /><br />DEBORA DINIZ É ANTROPÓLOGA E PROFESSORA DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA<br /><br /><br />+Isadora Salomãohttp://www.blogger.com/profile/08803743152202512782noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5466790988107080467.post-66052661290209670662010-06-29T17:39:00.001-03:002010-06-29T17:41:41.195-03:00FUTEBOL EXPLICA POLÍTICA AO PAÍS* - EM CLIMA DE COPAPosted by eduguim on 6/22/10 • Categorized as Opinião do blog<br /><br /> Há uma ironia poética em dois episódios envolvendo futebol que terão – ou que tiveram – o poder de explicar política à sociedade como nenhum discurso político jamais conseguiu tão didaticamente. Isso se deve ao verdadeiro amor e à passionalidade que o brasileiro dedica a esse esporte.<br /> O fenômeno “Cala Boca Galvão” e a briga da Globo com Dunga revelam, da forma que o povo brasileiro melhor poderia entender, o viés hipócrita, arrogante, antinacional e sabotador da grande imprensa brasileira, capaz de ir contra os interesses nacionais em temas que vão da imagem internacional do país aos seus interesses comerciais e, se “necessário”, até aos seus interesses desportivos.<br /> Só mesmo o futebol, uma verdadeira religião para os brasileiros, uma paixão quase irracional que lhes ocupa as preocupações de uma forma espantosa e até perniciosa, poderia mostrar que a mídia não hesita em sabotar os interesses nacionais para fazer valer a sua vontade e os seus interesses políticos, ideológicos e econômicos.<br /> Não direi que é novidade a imprensa de um país atacar a sua Seleção de futebol no momento em que ela mais precisa de apoio – durante uma Copa do Mundo, por exemplo. Novidade talvez seja essa imprensa exaltar adversários do time de seu país, quase tentando levar o povo a torcer por eles, e camaextrapolar críticas à Seleção nacional com a evidente intenção de lhe baixar o moral.<br /> Assistir aos jogos da Seleção pela Globo se tornou sinônimo de irritação para um país que tem todas as razões para acreditar naqueles que detêm todas as condições de vencer a edição 2010 do campeonato mundial de futebol masculino devido à trajetória da equipe nos últimos anos.<br /> Galvão Bueno irrita um povo que entende tudo de futebol narrando os jogos como se fosse uma biruta de aeroporto e enxergando, em campo, o que ninguém mais vê. Atacar e difamar o técnico da Seleção em plena Copa do Mundo é o mesmo tipo de sabotagem que a mídia praticou no limiar e nos primórdios da mais recente crise econômica mundial ao tentar induzir pânico nos agentes econômicos.<br /> O resultado não poderia ser outro. A sociedade brasileira “gritou”, pela internet, “Cala a boca, Galvão”. No UOL, enquete perguntando se o internauta apóia a Globo ou Dunga na briga em que se meteram resultou em um apoio de cerca de 80% ao técnico da Seleção.<br /> Agora, pior do que tudo isso foi a imprensa ficar exaltando outras seleções, sobretudo a da Argentina, e pondo defeitos exagerados em uma equipe do Brasil que tem obtido importantes e animadoras vitórias em campo.<br /> Aliás, tem lógica: a mídia fica sempre contra o Brasil depois que Lula se elegeu.<br /> Basta que um presidente da República apoiado com fervor pela maioria esmagadora da Nação brilhe no cenário internacional, como ocorreu devido ao acordo que logrou estabelecer com o Irã recentemente, para que a mídia trate de desqualificar o feito.<br /> O Brasil tenta conseguir assento permanente no Conselho de Segurança da ONU? A mídia trata de oferecer ao mundo razões pelas quais não devemos conseguir. O Brasil se torna exemplo de boa governança exaltado pela comunidade internacional? A mídia local, naturalmente, vai na direção contrária.<br /> Mas como explicar tudo isso a um povo que só pensa em futebol e Carnaval? Fácil: basta esperar que a imprensa golpista, antinacional, arrogante, delirante e sabotadora se embriague com seus delírios de poder e explique sua natureza nefasta da forma mais didática que se poderia conceber, através do futebol, daquilo que este povo mais entende.<br /> Apesar de eu nunca ter acreditado que uma vitória do Brasil na Copa pudesse favorecer o governo Lula ou que uma derrota pudesse ter efeito oposto – pois, em 2006, perdemos a disputa futebolística e Lula se elegeu -, a imprensa tucana tinha medo disso. Movida por esse delírio, fez, fez até que conseguiu estabelecer uma conexão entre futebol e política.<br /><br />* Texto enviado a mim por e-mail.<br /><br /><br /><br /><br />+Isadora Salomãohttp://www.blogger.com/profile/08803743152202512782noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5466790988107080467.post-15597060486150622732010-06-29T17:25:00.003-03:002010-06-29T17:30:39.077-03:00NÃO É SOBRE FUTEBOL, É SOBRE TIRANIA E JUVENTUDE*junho 22nd, 2010 às 10:48<br /><br />Esta madrugada “bombou” no twitter a palavra de ordem #diasemglobo, que estimula as pessoas a verem o jogo entre Brasil e Portugal, sexta-feira, em qualquer emissora que não a Globo.<br />Não é uma campanha de “esquerdistas”, de “brizolistas”, de “intelectuais de esquerda”.<br />É a garotada, a juventude.<br />Também não é uma campanha inspirada na popularidade de Dunga, que nunca tinha sido nenhuma unanimidade nacional.<br />Na verdade, isso só está acontecendo porque um episódio sem nenhuma importância – um tecnico de futebol e um jornalista esportivo terem um momento de hostilidade – foi elevado pela própria Globo à condição de um “crime de insubordinação” inaceitável por ela.<br />As empresas Globo ontem, escandalosamente, passaram o dia pressionando a FIFA por uma “punição” a Dunga. Atônitos, os oficiais da FIFA simplesmente perguntavam: “mas, por quê?”<br />A edição do jornal do grupo Globo, hoje, só não beira o ridículo porque mergulha nele, de cabeça.<br />O ódio a qualquer um que não abaixe a cabeça e diga “sim,senhor” a ela é tão grande que ela não consegue reduzir o episódio àquilo que ele realmente foi, uma bobagem insignificante.<br />Não, ela se levanta num arreganho autoritário e exige “punição exemplar” para técnico da seleção.Usa, logo ela, uma emissora de tanta história autoritária e tão pródiga em baixarias, a liberdade de imprensa e os “bons modos” como pretextos, como se isso ferisse seus “brios”.<br />Há muita gente bem mais informada do que eu em matéria de seleção que diz que isso se deve ao fato de Dunga ter cortado os privilégios globais no acesso aos jogadores.<br />E que isso lhe traria prejuízos, por não “alavancar” a audiência ao longo do dia.<br />Lembrei-me daquele famoso direito de resposta de Brizola à Globo, em 1994.<br /><br /><span style="font-style:italic;">Não reconheço à Globo autoridade em matéria de liberdade de imprensa, e basta para isso olhar a sua longa e cordial convivência com os regimes autoritários e com a ditadura de 20 anos que dominou o nosso país.<br />Todos sabem que critico há muito tempo a TV Globo, seu poder imperial e suas manipulações. Mas a ira da Globo, que se manifestou na quinta-feira, não tem nenhuma relação com posições éticas ou de princípios.É apenas o temor de perder o negócio bilionário que para ela representa a transmissão do Carnaval. Dinheiro, acima de tudo.<br /></span><br />Pois o arreganho autoritário da Globo, mais do que qualquer discurso, evidenciou a tirania com que a emissora trata o evento esportivo que mais mobiliza os brasileiros mas que, para ela, é só um milionário negócio.<br /><br />Dunga não é o melhor nem o pior técnico do mundo, nunca foi um ídolo que empolgasse multidões. A sociedade dividia-se, como era normal, entre os que o apoiavam, os que o criticavam e os que apenas torciam por ele e pela seleção.<br /><br />A Globo acabou com esta normalidade. Quer apresentá-lo como um insano, um louco incontrolável. Nem mesmo se preocupa com o que isso pode fazer no ambiente, já naturalmente cheio de tensões, de uma seleção em meio a uma Copa do Mundo. Ela está se lixando para o resultado deste episódio sobre a seleção.<br /><br />De agora em diante, a Globo fará com Dunga como que fez, naquela ocasião, com a Passarela do Samba, como descreveu Brizola naquele “direito de resposta”: “quando construí a passarela, a Globo sabotou, boicotou, não quis transmitir e tentou inviabilizar de todas as formas o ponto alto do Carnaval carioca.”<br /><br />Vocês verão – ou não verão, se seguirem a campanha #diasemglobo – como, durante o jogo, os locutores (aquele um, sobretudo) farão de tudo para dizer que a Globo está torcendo para que o Brasil ganhe o jogo. Todo mundo sabe que, quando se procura afirmar insistentemente alguma coisa que parece óbvia, geralmente se está mentindo.<br /><br />Eu disse no início que esta não é uma campanha dos políticos, dos intelectuais, da “esquerda” convencional. Não é, justamente, porque estamos, infelizmente, diante de um quadro em que a parcela políticamente mais “preparada” da sociedade desenvolveu um temor reverencial pelos meios de comunicação, Globo à frente.<br /><br />Políticos, artistas, intelectuais, na maioria dos casos – ressalvo as honrosas exceções – têm medo de serem atacados na TV ou nos jornais. Alguns, para parecerem “independentes e corajosos” até atacam, mas atacam os fracos, os inimigos do sistema, os que se contrapõem ao modelo que este sistema impôs ao Brasil.<br /><br />Ou ao Dunga, que acabou por se tornar um gigante que nem é, mas virou, com o que se faz contra ele.<br /><br />Eu não sei se é coragem ou se é o fato de eu ser “maldito de nascença” para eles, mas não entro nessa.<br /><br />O que a juventude está fazendo é o que a juventude faz, através dos séculos: levantar-se contra a tirania, seja ela qual for.<br /><br />Levantar-se da sua forma alegre, original, amalucada, libertária, irreverente e, por isso mesmo, sem direção ou bandeiras “certinhas”, comportadas, convencionais.<br /><br />A maravilha do processo social aí está. Quem diria: um torneio de futebol, um técnico, uma rusga como a que centenas ou milhares de vezes já aconteceu no esporte, viram, de repente, uma “onda nacional”.<br /><br />Uma bobagem? Não, nada é uma bobagem quando desperta os sentimentos de liberdade, de dignidade, quando faz as pessoas recusarem a tirania, quando faz com que elas se mobilizem contra o poder injusto. Se eu fosse poeta, veria clarins nas vuvuzelas.<br /><br />Essa é a essência da juventude, um perfume que o vento dos anos pode fazer desaparecer em alguns, mas que, em outros, lhes fica impregnado por todas as suas vidas.<br /><br />E a ela, a juventude, não derrotam nunca, porque ela volta, sempre, e sempre.<br /><br />POR ISSO ASSISTA OS JOGOS DA COPA EM QUALQUER CANAL, MENOS NA GLOBO.<br /><br />A RESPOSTA SÓ PODE SER DADA ATRAVÉS DA BAIXA AUDIÊNCIA. <br /><br /><br /><br /><br />* Texto recebido por e-mail sem o nome do Autor, mas assim que descobrir a autoria, disponibilizo no blog.<br />+Isadora Salomãohttp://www.blogger.com/profile/08803743152202512782noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5466790988107080467.post-29983010647254726832010-06-18T11:22:00.006-03:002010-06-18T12:09:16.188-03:00HOMENAGEM PESSOAL A JOSÉ SARAMAGO - UM HOMEM QUE NÃO CONHECI, MAS QUE FOI UM DOS MEUS PROFESSORES<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVpel7kcu_QlFccNkaJahR9rkAPq_HEiZGoXrNQdf5bzuX2bzfeJy3Vr7tTEUWQJ_X1w5iGTfqKJD-wYWHKjxmt6cUpomDi2190ucMfRk8xovPRdfBIDeMaVSDHpGw4kJYqqabudC7A4Mi/s1600/SARAMAGO.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 150px; height: 120px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVpel7kcu_QlFccNkaJahR9rkAPq_HEiZGoXrNQdf5bzuX2bzfeJy3Vr7tTEUWQJ_X1w5iGTfqKJD-wYWHKjxmt6cUpomDi2190ucMfRk8xovPRdfBIDeMaVSDHpGw4kJYqqabudC7A4Mi/s400/SARAMAGO.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5484130754822958146" /></a><br />Pela primeira vez na vida, chorei pela morte de alguém que eu nem conhecia...<br />Não entendi, e mais, procurei averiguar dentro de mim o porque dessa descarga de emoção tão estranha ao meu usual comportamento ao ver notícias fúnebres de personalidades em noticiários e mídias das mais diversas.<br />Achei uma resposta. Inconscientemente, pensei ele ser imortal...<br />Não era. Não é.<br /><br />Não foi por pouca coisa que ele conseguiu fazer com que eu pensasse isso. <br /><br />Ele tão somente me desiludiu, como outros. <br /><br />Retirou de mim, ainda bem jovem, algumas das lentes cor-de-rosa que cobriam o meu olhar sobre o mundo. Me deu um choque de realidade, mas de uma forma ao mesmo tempo tão doce, incisiva, leve, convincente e até mesmo divertida, que transformaram as cores das minhas lentes. Trouxeram pitadas rubras e azuladas. <br /><br />Com ele passei a ser mais comunista e mais feminista até. <br /><br />Com ele sou mais humana.<br /><br />Com ele exercito mais o ato de pensar e refletir.<br /><br />Com ele, vai um pouco de mim.<br /><br />Escritor genial, crítico da sociedade coerente (como poucos) e incisivo e um homem que um dia me fez perceber que:<br /><br /><span style="font-style:italic;">As misérias do mundo estão aí, e só há dois modos de reagir diante delas: ou entender que não se tem a culpa e, portanto, encolher os ombros e dizer que não está nas suas mãos remediá-lo — e isto é certo —, ou, melhor, assumir que, ainda quando não está nas nossas mãos resolvê-lo, devemos comportar-nos como se assim fosse.</span><br />(La Jornada, México, 3 de Dezembro de 1998)<br /><br /><br />José Saramago: PRESENTE!!!<br /><br /><br /><br />+Isadora Salomãohttp://www.blogger.com/profile/08803743152202512782noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5466790988107080467.post-86629443696635491122010-04-15T10:06:00.002-03:002010-04-15T10:20:01.476-03:00AS PULSEIRAS DO SEXOA simples manifestação, pela mulher, do desejo sexual (ou simplesmente da vontade de sentir-se desejada, de demonstrar que possui desejo) é, ainda hoje, um tabu...<br />E, ainda no século XXI, o mundo continua punindo (ou reprimindo) as mulheres que se arvoram a expressar seus desejos livremente e não aqueles que resolvem acabar com eles, violentamente...<br />Este texto mostra isso, claramente.<br />Boa Leitura!!!<br /><br /><br />CONTARDO CALLIGARIS<br /><br /><br />BARATINHAS E divertidas, pulseiras de silicone de todas as cores foram populares nos anos 1980. Recentemente, entraram, de novo, no gosto das meninas. Duas semanas atrás, aprendi, pela imprensa, que essas pulseiras, vendidas pelos camelôs país afora, tinham-se transformado num código sexual, no qual cada cor anuncia uma disposição de quem a veste. Por exemplo, uma pulseira azul assinala a vontade de praticar sexo oral, uma preta anuncia o desejo de ter uma relação sexual completa. Esse código vale no jogo do "snap" (arrebenta), cuja regra é que, em tese, mesmo um desconhecido, se ele conseguir arrebentar a pulseira de uma menina (nenhum esforço: o silicone é frágil), ganhará a prestação sexual anunciada pela cor do enfeite. Como disse, soube disso duas semanas atrás. Ignorância minha: é fácil encontrar, na internet, artigos de 2009 sobre escolas médias norte-americanas que interditaram o uso das pulseiras de silicone por causa de sua significação sexual.<br /><br />Como começou? Talvez com a brincadeira de um grupo de amigas fantasiando entre si no Messenger e, logo, abrindo o jogo para desafiar a timidez dos meninos. Ou pode ter sido a invenção de meninos frustrados, que brincaram de interpretar as pulseiras de suas colegas como mensagens sexuais que eles gostariam de receber. Seja como for, em poucos meses, o código das pulseiras se espalhou, mundo afora. Certamente, muitas meninas usam esses acessórios só porque os acham bonitos. Mas há meninas usando as pulseiras por causa do código sexual. Nesse caso, o que são as pulseiras do sexo? Uma provocação de adolescentes inseguras? Ou será que elas expressam um desejo? Bom, mesmo uma provocação manifesta um desejo. Qual? Nos anos 1970, na comunidade gay de São Francisco e de Nova York, começou o uso do código dos lenços no bolso traseiro das calças jeans: as cores correspondiam ao tipo de relação desejada, e o bolso escolhido dizia se o homem queria mandar ou ser mandado (esquerdo para os "tops", direito para os "bottoms"). A intenção do jogo não era facilitar os encontros (nas ruas do Castro ou do Village, esse problema não existia). Tampouco o uso de um lenço significava que o usuário, encontrando um "encaixe", transaria necessariamente. Então? Era fácil constatar que os lenços serviam para erotizar o cotidiano, para transformar qualquer passeio "inocente" à padaria da esquina numa possível fantasia erótica.<br />Coisa de homens, ainda por cima gays, obcecados por sexo? Pois bem, uma das obras-primas da literatura erótica do século 20 (que, aliás, é, sobretudo, feminina) é "História de O", de Pauline Réage (Ediouro, esgotado). No romance, a heroína aceita usar um anel que a torna reconhecível pelos membros de um clube, que são poucos e perdidos pelo vasto mundo, mas que, ao identificá-la, sabe-se lá quando e onde, terão o direito imediato de possui-la. É desta mesma fantasia que se trata no uso das pulseiras do sexo: a fantasia de tornar erótica a trivialidade do cotidiano, cuja massa um pouco cinza, de improviso, poderia ser atravessada por relâmpagos de desejo. No fundo, as adolescentes que brincam com as pulseiras do sexo estão fantasiando com sua própria disponibilidade para a aventura da vida. E é por isso mesmo que elas encontram o ódio de quem não vive.<br />Nas últimas semanas, em Manaus (AM), três jovens que usavam as pulseiras foram estupradas, duas delas foram mortas. Em Londrina (PR), uma menina de 13 anos, que também usava as pulseiras, foi estuprada. Não se sabe por certo se as meninas e seus agressores conheciam o código das pulseiras. Nessas e em outras cidades, a prefeitura proibiu o uso das pulseiras nas escolas. Concordo com essa decisão preventiva, mas é espantoso que nossa sociedade seja incapaz de garantir às meninas a liberdade de andar pela rua com a alegria de quem fantasia desejar de corpo aberto. Os estupradores e assassinos foram "provocados"? Será que as pulseiras, como os decotes e as saias curtas, suscitariam uma atração irresistível e, portanto, violenta?<br /><br />Vamos parar de acusar as mulheres por elas serem estupradas. O estuprador nunca é atraído por suas vítimas; ele só tem o impulso irresistível de acabar com o desejo delas. Por quê? Por raiva de ele não estar, por exemplo, à altura do mundo com o qual fantasiam as meninas com suas pulseiras: um mundo que seja o teatro possível de mil aventuras (sexuais ou não).<br /><br />ccalligari@uol.com.br <br /><br /><br />+Isadora Salomãohttp://www.blogger.com/profile/08803743152202512782noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5466790988107080467.post-86605233965971641122010-03-25T14:32:00.001-03:002010-03-25T14:35:01.388-03:00MOÇÃO DE REPÚDIO DO CNDMO Conselho Nacional de Direitos da Mulher, reunido dias 22 e 23 de março de 2010, vem através desta manifestar seu profundo repúdio aos projetos de lei abaixo relacionados que violam os compromissos do governo brasileiro enunciados na Constituição, na legislação ordinária e em Tratados e Convenções Internacionais. <br /> <br />O CNDM considera que os projetos de lei abaixo relacionados desrespeitam os direitos humanos das mulheres e impedem o exercício pleno de sua cidadania:<br /> <br />1- PROJETO DE LEI Nº 3.204/08 - do Deputado Miguel Martini - que "obriga a impressão de advertência nas embalagens de produtos comercializados para a detecção de gravidez". Obriga a impressão das seguintes expressões: "aborto é crime; aborto traz risco de morte à mãe; a pena de aborto provocado é de 1 a 3 anos de detenção". <br />Este projeto fere o direito humano de ter acesso ao conhecimento científico e à informação sobre a reprodução humana coagindo o exercício do direito de escolha, reforçando uma perspectiva punitiva contrária aos acordos assinados pelo Estado Brasileiro. <br /> <br />2- PROJETO DE LEI Nº 4.239/08 - do Deputado Sandes Júnior - que "cria Programa de Casas de Apoio destinadas ao atendimento de adolescentes grávidas". <br />Este projeto não cabe ao âmbito do legislativo já que se trata de criação de um programa público que é da esfera do poder executivo. <br /> <br />3 - PROJETO DE LEI Nº 478/07 - dos Deputados Luiz Bassuma e Miguel Martini - que "dispõe sobre o Estatuto do Nascituro e dá outras providências".<br />A Constituição reconhece a titularidade dos direitos civis desde o nascimento. Este projeto é assim, inconstitucional. <br /> <br />4 - PROJETO DE LEI Nº 2.273/07 - do Deputado Dr. Talmir - que "modifica o art. 126 do Código Penal". Tipifica como crime a conduta de auxiliar ou fornecer instrumentos ou fármacos para a prática do aborto. <br />Este projeto fere o direito humano de ter acesso ao conhecimento científico, à informação e a tecnologia de insumos e medicamentos daí derivados. Ademais, em circunstancias do abortamento inseguro, pretende legislar sobre uma multiplicidade de objetos que são utilizados para fins diversos. Reforça também uma perspectiva punitiva contrária aos acordos assinados pelo Estado Brasileiro. <br /> <br />5 - PROJETO DE LEI Nº 2.504/07 - do Deputado Walter Brito Neto - que "dispõe sobre a obrigatoriedade do cadastramento de gestante, no momento da constatação da gravidez, nas unidades de saúde, ambulatoriais ou hospitalares, públicas e particulares". <br /> Este projeto fere o princípio fundamental da inviolabilidade da pessoa humana, bem como o do sigilo das informações em saúde e do sigilo profissional, sendo assim inconstitucional e profundamente violador da Carta de Direitos dos Usuários do SUS representando uma inaceitável afronta aos direitos humanos das mulheres.<br /> <br />6 - PROJETO DE LEI Nº 2.185/07 - do Deputado Dr. Talmir - que "altera o art. 7° da Lei n° 9.263, de 12 de janeiro de 1996, de modo a proibir a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros nas ações e pesquisas de planejamento familiar". <br />A preocupação com o controle populacional por parte de outros países é infundada, pois o Brasil possui hoje uma taxa de fecundidade de 1.8 filhos por mulher, abaixo inclusive da taxa de reposição populacional.O Brasil coopera com diversos países e organizacoes internacionais nos mais diversos campos. No mundo globalizado, esse projeto representa uma regressão no âmbito das cooperações internacionais as mais variadas, inclusive aquelas em que o Brasil propicia informações e insumos a outros países. Ademais, os aspectos éticos envolvidos são regulados pelo Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa).<br /> <br /><strong>ANEXO/Marcos políticos e normativos: </strong><br /> <br />· Constituição Federal de 1988 estabeleceu o primado dos direitos e garantias fundamentais e reconheceu a universalidade do direito à saúde e o dever do Estado de oferecer acesso a esse direito; artigo 226, § 7º, define como competência do Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício do planejamento familiar;<br />· Lei 9.263 de 1996 que preconiza a oferta aos usuários de todos os métodos e técnicas de concepção e contracepção que sejam cientificamente aceitos e que não coloquem em risco a vida e a saúde das pessoas, garantindo a liberdade de opção;<br />· O Brasil é signatário de Acordos e Tratados Internacionais, Conferência de Cairo (1994), Beijing (1995), Convenção de Belém do Pará - pela Eliminação da Violência contra a Mulher (1994) e da CEDAW;<br />· O Governo Brasileiro assumiu o compromisso em fóruns internacionais das Nações Unidas de rever a legislação concernente a punição de mulheres que realizem aborto bem como de oferecer condições seguras ao tratamento de seqüelas decorrentes do abortamento. Esses compromissos se traduzem em assegurar o direito de mulheres e homens decidirem livres de coerção sobre a sua sexualidade e reprodução;<br />· O país está comprometido com a implementação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Mulheres;<br />· O Sistema Único de Saúde tem o compromisso de atender aos casos de aborto previstos em lei e de implementar a assistência humanizada ao abortamento inseguro;<br />· A privacidade é um direito adquirido e inviolável de mulheres e homens deste país;<br />· Vivemos numa sociedade plural regida por um estado laico que garante o direito de opção na vida reprodutiva de mulheres e homens;<br /> <br /> <br /> <br /> <br /><strong>CNDM – Composição 2008-2010</strong><br /> <br /> <br />Entidades da Sociedade Civil - Titulares:<br /> <br />Articulação de Mulheres Brasileiras – AMB<br />Articulação de Ong’s de Mulheres Negras – AMNB<br />Associação Brasileira de Mulheres de Carreira Jurídica – ABMCJ<br />Confederação de Mulheres do Brasil – CMB<br />Federação Nacional dos Trabalhadores Domésticos - FENATRAD<br />Fórum de Mulheres do Mercosul<br />Fórum Nacional de Mulheres Negras – FNMN<br />Liga Brasileira de Lésbicas –LBL<br />Marcha Mundial de Mulheres – MMM <br />Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia – MAMA<br />Movimento de Mulheres Camponesas – MMC<br />Rede Economia e Feminismo – REF<br />Rede Nacional Feminista de Saúde<br />União Brasileira de Mulheres – UBM <br />Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva – ABRASCO<br />Central Única dos Trabalhadores – CUT<br />Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – CONTAG<br />Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE<br />Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira – COIAB<br />Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar – FETRAF<br /> <br /> <br />Entidades da Sociedade Civil – Suplentes: <br /> <br />Federação das Associações de Mulher de Negócios e Profissionais do Brasil- BPW Brasil<br />Central Geral dos Trabalhadores do Brasil – CGTB<br />Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimento de Ensino – CONTEE<br /> <br /> <br />Representantes Governamentais:<br /> <br />Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres – SPM<br />Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial - SEPPIR <br />Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República – SEDH <br />Secretaria-Geral da Presidência da República<br />Casa Civil da Presidência da República<br />Ministério da Cultura – MinC<br />Ministério de Ciência e Tecnologia – MCT<br />Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA<br />Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome – MDS<br />Ministério da Educação – MEC<br />Ministério da Justiça – MJ<br />Ministério do Meio Ambiente – MMA<br />Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão – MP<br />Ministério da Saúde – MS<br />Ministério das Relações Exteriores – MRE<br />Ministério do Trabalho e Emprego – MTE<br /> <br /> <br /> <br />Mulheres com Notório Conhecimento das questões de gênero:<br /> <br />Clara Charf<br />Albertina de Oliveira Costa<br />Jacqueline Pitanguy<br /> <br /> <br /> <br /> <br /><strong>Secretaria do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher:</strong><br /> <br />Via N1 Leste s/n, Pavilhão das Metas, Praça dos Três Poderes<br />Zona Cívico-Administrativa<br />Brasília/DF<br />Cep 70.150-900<br /> <br />Tel: (61) 3411 4234<br />cndm@spmulheres.gov.br<br /> <br /><br />+Isadora Salomãohttp://www.blogger.com/profile/08803743152202512782noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5466790988107080467.post-72906258984160299112010-02-05T14:29:00.003-03:002010-02-05T14:32:03.378-03:00PUDIM DE SOBREMESA - SEXTA À TARDEAcabo de receber um e-mail de uma colega de trabalho que devo compartilhar por aqui... É de Marta Medeiros. Sempre a Marta pra nos fazer dizer: "É isso mesmo que eu penso nesse minuto!"<br /> <br />RIMA DO TUDO QUE QUERO AGORA: <br />UM PUDIM INTEIRO, <br />UM CAUÃ NU EM PELO <br />E UM BANHO NO CHUVEIRO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!<br />(De minha autoria, inspirada pelo email de Jeni! Hahaha)<br /><br /><br />+++<br /><br />Pudim de sobremesa <br /><br />Não há nada que me deixe mais frustrada<br />do que pedir Pudim de sobremesa,<br />contar os minutos até ele chegar<br />e aí ver o garçom colocar na minha frente<br />um pedacinho minúsculo do meu pudim preferido.<br />Um só.<br /><br />Quanto mais sofisticado o restaurante,<br />menor a porção da sobremesa.<br />Aí a vontade que dá é de passar numa loja de conveniência,<br />comprar um pudim bem cremoso<br />e saborear em casa com direito a repetir quantas<br />vezes a gente quiser,<br />sem pensar em calorias, boas maneiras ou moderação.<br /><br />O PUDIM é só um exemplo do que tem sido nosso cotidiano. <br /><br />A vida anda cheia de meias porções,<br />de prazeres meia-boca,<br />de aventuras pela metade.<br />A gente sai pra jantar, mas come pouco.<br /><br />Vai à festa de casamento, mas resiste aos bombons.<br /><br />Conquista a chamada liberdade sexual,<br />mas tem que fingir que é difícil<br />(a imensa maioria das mulheres<br />continua com pavor de ser rotulada de 'fácil').<br /><br />Adora tomar um banho demorado,<br />mas se contém pra não desperdiçar os recursos do planeta.<br /><br />Quer beijar aquele cara 20 anos mais novo,<br />mas tem medo de fazer papel ridículo.<br /><br />Tem vontade de ficar em casa vendo um DVD,<br />esparramada no sofá,<br />mas se obriga a ir malhar.<br />E por aí vai.<br /><br />Tantos deveres, tanta preocupação em 'acertar',<br />tanto empenho em passar na vida sem pegar recuperação...<br /><br />Aí a vida vai ficando sem tempero,<br />politicamente correta<br />e existencialmente sem-graça,<br />enquanto a gente vai ficando melancolicamente<br />sem tesão...<br /><br />Às vezes dá vontade de fazer tudo 'errado'.<br />Deixar de lado a régua,<br />o compasso,<br />a bússola,<br />a balança<br />e os 10 mandamentos.<br /><br />Ser ridícula, inadequada, incoerente<br />e não estar nem aí pro que dizem e o que pensam a nosso respeito. Recusar<br />prazeres incompletos e meias porções.<br /><br />Até Santo Agostinho, que foi santo, uma vez se rebelou<br />e disse uma frase mais ou menos assim:<br />'Deus, dai-me continência e castidade, mas não agora'...<br /><br />Nós, que não aspiramos à santidade e estamos aqui de passagem,<br />podemos (devemos?) desejar<br />vários pedaços de pudim,<br />bombons de muitos sabores,<br />vários beijos bem dados,<br />a água batendo sem pressa no corpo,<br />o coração saciado.<br /><br />Um dia a gente cria juízo.<br />Um dia.<br />Não tem que ser agora.<br /><br />Por isso, garçom, por favor, me traga:<br />um pudim inteiro<br />um sofá pra eu ver Crepusculo,<br />uma caixa de trufas bem macias<br />e o Cauã Reymond, nu, embrulhado pra presente.<br />OK?<br />Não necessariamente nessa ordem.<br /><br />Depois a gente vê como é que faz pra consertar o estrago . ... <br /><br /><br /><br />+Isadora Salomãohttp://www.blogger.com/profile/08803743152202512782noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5466790988107080467.post-51783434940398037902010-01-21T16:17:00.004-03:002010-01-21T16:22:50.778-03:00HIPERMAGREZA DOMINA A PASSARELA DO SPFWQuando o homem inventou a roda, Deus inventou o freio.<br />Um dia o feio inventou a moda, toda roda amou o feio...<br />(Zeca Baleiro - "Piercing")<br /><br /><br /><strong>De tão magras, modelos chegam a andar com dificuldade </strong><br /><br />ALCINO LEITE NETO<br />VIVIAN WHITEMAN<br />da Folha de S.Paulo 20/01/2010 - 16h49 <br /><br />Chegou a um nível irresponsável e escandaloso a magreza das modelos nas semanas brasileiras de moda. As garotas, muitas delas recém-chegadas à adolescência, exibem verdadeiros gravetos como pernas e, no lugar dos braços, carregam espécies de varetas desconjuntadas. De tão descarnadas e enfraquecidas, algumas chegam a se locomover com dificuldade quando têm que erguer na passarela os sapatos pesados de certas coleções. <br /><br />Hipermagreza domina passarelas da SPFW <br /><br />Usualmente consideradas arquétipos de beleza, essas modelos já estão se acercando de um estado físico limítrofe, em que a feiura mal se distingue da doença. <br /><br />Essa situação tem o conluio de todo o meio da moda, que faz vista grossa da situação, mesmo sabendo das crueldades que são impostas às meninas e das torturas que elas infligem a si mesmas para permanecerem desta maneira: um amontoado de ossos, com cabelos lisos e olhos azuis. <br /><br />Uma rede de hipocrisia se espalhou há anos na moda, girando viciosamente, sem parar: os agentes de modelos dizem que os estilistas preferem as moças mais magras, ao passo que os estilistas justificam que as agências só dispõem de meninas esqueléticas. Em uníssono, afirmam que eles estão apenas seguindo os parâmetros de beleza determinados pelo "mercado" internacional --indo todos se deitar, aliviados e sem culpa, com os dividendos debaixo do travesseiro. <br /><br />Alguns, mais sinceros, dizem que não querem "gordas", com isso se referindo àquelas que vestem nº 36. Outros explicitam ainda mais claramente o que pensam dessas modelos: afirmam que elas não passam de "cabides de roupas". <br /><br />Enquanto isso, as garotas emagrecem mais um pouco, mais ainda, submetidas também a uma pressão psicológica descomunal para manterem, em pleno desenvolvimento juvenil, as características de um cabide.<br />Um emaranhado de ignorâncias, covardias e mentiras vai sendo, assim, tecido pelo meio da moda, inclusive pelos estilistas mais esclarecidos, que não pesam as consequências do drama (alheio) no momento em que exibem, narcisicamente, suas criações nas passarelas. <br /><br />Para uma semana de moda, que postula um lugar forte na sociedade brasileira, é um disparate e uma afronta que ela exiba a decrepitude física como modelo a milhões de adolescentes do país. <br /><br />Para a moda como um todo, que vive do sonho de embelezar a existência, a forma como os agentes e os estilistas lidam com essas moças é não apenas cruel, mas uma blasfêmia. Eles, de fato, não estão afirmando a grandeza da vida, mas propagando a fraqueza e a moléstia. <br /><br />O filósofo italiano Giorgio Agamben escreveu que as modelos são "as vítimas sacrificiais de um deus sem rosto". É hora de interromper esse ritual sinistro. É hora de parar com essas mistificações da moda, que prega futuros ecológicos, convivências fraternais e fantasias de glamour, enquanto exibe nas passarelas verdadeiros flagelos humanos.<br /><br />+Isadora Salomãohttp://www.blogger.com/profile/08803743152202512782noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5466790988107080467.post-4134021077094754552009-11-10T15:21:00.003-03:002009-11-10T15:31:20.509-03:00A TURBA DA UNIBANÉ POR ESSAS E OUTRAS QUE TODAS AS MULHERES DEVEM REIVINDICAR O FEMINISMO...<br /><br />Encaminho abaixo um artigo, dos melhores que vi, sobre o Caso Geisy, ocorrido nos corredores da UNIBAN, Faculdade de posições e uma horda de ALUNOS(na etimologia real da palavra - "seres que não possuem luz") facistas.<br />Boa Leitura!<br />ISa - Mulher e Feminista <br /><br /><br />Da Folha de S.Paulo, Ilustrada E-15, 05.11.2009.<br />CONTARDO CALLIGARIS<br /><br />As turbas têm um ponto em comum: detestam a ideia de que a mulher tenha desejo próprio <br /><br />NA SEMANA passada, em São Bernardo, uma estudante de primeiro ano do curso noturno de turismo da Uniban (Universidade Bandeirante de São Paulo) foi para a faculdade pronta para encontrar seu namorado depois das aulas: estava de minivestido rosa, saltos altos, maquiagem -uniforme de balada.<br /> <br />O resultado foi que 700 alunos da Uniban saíram das salas de aula e se aglomeraram numa turba: xingaram, tocaram, fotografaram e filmaram a moça. Com seus celulares ligados na mão, como tochas levantadas, eles pareciam uma ralé do século 16 querendo tocar fogo numa perigosa bruxa.<br /><br />A história acabou com a jovem estudante trancada na sala de sua turma, com a multidão pressionando, por porta e janelas, pedindo explicitamente que ela fosse entregue para ser estuprada. Alguns colegas, funcionários e professores conseguiram proteger a moça até a chegada da PM, que a tirou da escola sob escolta, mas não pôde evitar que sua saída fosse acompanhada pelo coro dos boçais escandindo: "Pu-ta, pu-ta, pu-ta".<br /><br />Entre esses boçais, houve aqueles que explicaram o acontecido como um "justo" protesto contra a "inadequação" da roupa da colega. Difícil levá-los a sério, visto que uma boa metade deles saiu das salas de aula com seu chapéu cravado na cabeça.<br /><br />Então, o que aconteceu? Para responder, demos uma volta pelos estádios de futebol ou pelas salas de estar das famílias na hora da transmissão de um jogo. Pois bem, nos estádios ou nas salas, todos (maiores ou menores) vocalizam sua opinião dos jogadores e da torcida do time adversário (assim como do árbitro, claro, sempre "vendido") de duas maneiras fundamentais: "veados" e "filhos da puta".<br /><br />Esses insultos são invariavelmente escolhidos por serem, na opinião de ambas as torcidas, os que mais podem ferir os adversários. E o método da escolha é simples: a gente sempre acha que o pior insulto é o que mais nos ofenderia. Ou seja, "veados" e "filhos da puta" são os insultos que todos lançam porque são os que ninguém quer ouvir.<br /><br />Cuidado: "veado", nesse caso, não significa genericamente homossexual. Tanto assim que os ditos "veados", por exemplo, são encorajados vivamente a pegar no sexo de quem os insulta ou a ficar de quatro para que possam ser "usados" por seus ofensores. "Veado", nesse insulto, está mais para "bichinha", "mulherzinha" ou, simplesmente, "mulher".<br /><br />Quanto a "filho da puta", é óbvio que ninguém acredita que todas as mães da torcida adversa sejam profissionais do sexo. "Puta", nesse caso (assim como no coro da Uniban), significa mulher licenciosa, mulher que poderia (pasme!) gostar de sexo.<br /><br />Os membros das torcidas e os 700 da Uniban descobrem assim um terreno comum: é o ódio do feminino -não das mulheres como gênero, mas do feminino, ou seja, da ideia de que as mulheres tenham ou possam ter um desejo próprio.<br /><br />O estupro é, para essas turbas, o grande remédio: punitivo e corretivo. Como assim? Simples: uma mulher se aventura a desejar? Ela tem a impudência de "querer"? Pois vamos lhe lembrar que sexo, para ela, deve permanecer um sofrimento imposto, uma violência sofrida -nunca uma iniciativa ou um prazer.<br /><br />A violência e o desprezo aplicados coletivamente pelo grupo só servem para esconder a insuficiência de cada um, se ele tivesse que responder ao desejo e às expectativas de uma parceira, em vez de lhe impor uma transa forçada.<br /><br />Espero que o Ministério Público persiga os membros da turba da Uniban que incitaram ao estupro. Espero que a jovem estudante encontre um advogado que a ajude a exigir da própria Uniban (incapaz de garantir a segurança de seus alunos) todos os danos morais aos quais ela tem direito. E espero que, com isso, a Uniban se interrogue com urgência sobre como agir contra a ignorância e a vulnerabilidade aos piores efeitos grupais de 700 de seus estudantes. Uma sugestão, só para começar: que tal uma sessão de "Zorba, o Grego", com redação obrigatória no fim?<br /><br />Agora, devo umas desculpas a todas as mulheres que militam ou militaram no feminismo. Ainda recentemente, pensei (e disse, numa entrevista) que, ao meu ver, o feminismo tinha chegado ao fim de sua tarefa histórica. Em particular, eu acreditava que, depois de 40 anos de luta feminista, ao menos um objetivo tivesse sido atingido: o reconhecimento pelos homens de que as mulheres (também) desejam. Pois é, os fatos provam que eu estava errado.<br /><br /><br /><br />-Isadora Salomãohttp://www.blogger.com/profile/08803743152202512782noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5466790988107080467.post-71058817664198177042009-10-04T21:43:00.006-03:002009-10-04T21:56:04.855-03:00QUEM TEM DINDA TEM TUDO! (Hoje sei muito disso!)<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhi0OUbPLrC-rxmatM9Ot_fTY8UP_CjBvbU1-t62-BsDJ-iafgFvUT-THaEUbmZ7EtNrH6I0fTSrzU0iPIy0AVH2vPctH_SA-yuXH0fbi9_KfPzyEtCxFTIZJ5Am7U6TxTQtFUNCxHGs3du/s1600-h/ursinho.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 96px; height: 130px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhi0OUbPLrC-rxmatM9Ot_fTY8UP_CjBvbU1-t62-BsDJ-iafgFvUT-THaEUbmZ7EtNrH6I0fTSrzU0iPIy0AVH2vPctH_SA-yuXH0fbi9_KfPzyEtCxFTIZJ5Am7U6TxTQtFUNCxHGs3du/s400/ursinho.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5388913297905626978" /></a><br />Essa postagem é uma licença poética/sentimental apenas para lembrar o aniversário de alguém muito especial!!! <br /><br />Dinda,<br />Apesar de estarmos em margens opostas do Oceano Atlântico, sei que sempre estaremos ligadas... Para provar isso, mando Úrsula de presente aí em cima... (meu brinquedo preferido da infância!)<br />Minha segunda mãe, Parabéns!!!<br />Beijo<br />Dodó<br /><br /><br />-Isadora Salomãohttp://www.blogger.com/profile/08803743152202512782noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5466790988107080467.post-35147631041407697132009-10-04T21:36:00.003-03:002009-10-04T21:41:28.617-03:00VIRALATAS TENTAM ATRAPALHAR A FESTA DO RIO - 2016<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhif4jmfDucl5UjZKl01aXUP1YdpRAY5-xHnzpvDeGScFYD57rjp-sN7s9KNNFF_yVcQGIotNtuxNCu8O_2EQABAjgpTc6FSOJo13RMYcIcCo2Fj7zJwsIPkEz_en-Z717WVdB72YCGx2Dw/s1600-h/images.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 136px; height: 121px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhif4jmfDucl5UjZKl01aXUP1YdpRAY5-xHnzpvDeGScFYD57rjp-sN7s9KNNFF_yVcQGIotNtuxNCu8O_2EQABAjgpTc6FSOJo13RMYcIcCo2Fj7zJwsIPkEz_en-Z717WVdB72YCGx2Dw/s400/images.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5388909525291893506" /></a><br />Um texto bem legal que recebi, sobre a vitória do Brasil na disputa por sediar os Jogos Olímpicos!<br />Que os agourentos mordam as bochechas da bunda...<br />Comemoremos, pois!!!<br /><br /><strong>publicada sábado, 03/10/2009 às 00:07 </strong><br /><br />O complexo de vira-lata segue fortíssimo em nosso país. Se bem que, agora, parece mais restrito a setores da classe média...<br /><br />Falo das estranhas reações a esse acontecimento maravilhoso: a vitória do Rio como sede das Olimpíadas de 2016.<br /><br />Estava eu fora do alcance da internet - gravando uma reportagem nas proximidades de Iguape, no litoral sul de São Paulo - quando o Rio foi anunciado vencedor. Comemorei, em mensagens enviadas por celular à minha mulher - que é carioca.<br />Quando cheguei a São Paulo, na noite desta sexta, também comemorei com meu filho Vicente, outro nascido no Rio de Janeiro.<br /><br />Dois brasileiros que ajudam o país a superar o complexo de vira-lata<br />Em qualquer lugar do planeta seria mesmo motivo para comemorar. Mas, no Brasil, aparecem nessas horas os corvos agourentos: e a a corrupção? e as favelas? e a violência?<br /><br />Mas que diabos! Parece-me tão óbvio que Olimpíadas não são (nem nunca serão) o remédio para nossos problemas seculares, parece-me isso tão óbvio (repito!) que sinto até vergonha de precisar argumentar diante de certas coisas que comecei a ouvir e a ler, assim que botei os pés de novo em São Paulo, nesta histórica sexta-feira.<br /><br />Aos poucos, fui-me lembrando das diferenças entre Rio e São Paulo. Paulistano que sou, posso dizer sem medo de errar: parte das pessoas que vivem aqui na minha terra não gosta muito do Brasil. A verdade é essa. <br /><br />Era esse o tom dos comentários que ouvi no rádio do carro, a caminho de casa. O locutor ia lendo os e-mails dos ouvintes, que criticavam a escolha do Rio: eram comentários mal-humorados, ranhetas, complexados.<br /><br />No futebol, o brasileiro superou esse complexo de vira-lata. Nelson Rodrigues foi quem cunhou a expressão. Foi ele também quem mostrou como Pelé, com sua pose de rei, indicava a seus colegas em campo: somos fortes, somos bons, falta só acreditar em nós mesmos. <br /><br />Lá pelas décadas de 50/60, com Pelé, superamos o complexo. Mas só no futebol. A síndrome do vira-lata infeliz continuou a nos abater em outras áreas.. <br />Os mais pobres, em anos recentes, parecem ter vencido o complexo. Até porque não têm muita escolha. São brasileiros até o último fio de cabelo. Para o bem e para o mal. Melhor brigar e trabalhar pra fazer dese país uma terra um pouco melhor.<br />A vitória e a reeleição de Lula são a prova de que parte dos brasileiros, especialmente os de origem mais humilde, superou o complexo. É uma parcela de brasileiros que foi capaz de eleger um homem monoglota, sem estudo, e além de tudo sem um dedo (ah, como essa marca do trabalho braçal incomoda nossas elites) para liderar o país.<br /><br />Em contrapartida, a escolha - por duas vezes - de um presidente com esse perfil parece ter acirrado ainda mais o complexo de vira-lata, entre certos setores de nossa classe média. É uma parte dos brasileiros (e como são numerosos em São Paulo) que não gostam de ser brasileiros. Gostam de ser netos de italianos, bisnetos de alemães, trinetos de poloneses, tataranetos de espanhóis.<br /><br />Eles se envergonham do Lula que discursa em "português" na cerimônia do comitê olímpico (ouvi um sujeito falando disso hoje na rua). Queriam que discursasse em javanês?<br /><br />Eles se envergonham do Lula que chora. Preferiam, talvez, o tom afetado daquele outro presidente, que adorava fazer piadas sem graça, e preferia discursar em francês ou inglês (tremendo complexo de vira-lata) para agradar os gringos...<br />Com Lula, o Brasil deixou de se ver como colônia. <br /><br />Os problemas do Brasil - com ou sem Olimpíadas - são enormes. Cabe a nós resolvê-los. Podemos tentar fazer as duas coisas ao mesmo tempo: cuidar de nossos problemas, e organizar as Olimpíadas. Isso parece uma obviedade sem tamanho!<br />Ou alguém acha - por exemplo - que um sujeito, só porque ainda está pagando as prestações da casa, não pode fazer uma bela festa de fim-de-ano para os vizinhos e os amigos? <br /><br />A escolha do Rio é reconhecimento da grandeza do Brasil. Não deve nos fazer ufanistas. Mas a verdade é que merecemos comemorar. Sem dar bola para os corvos agourentos. Eles que curem seus complexos viajando para Miami nas férias. E deixem o Brasil trabalhar para fazer uma bela Olimpíada em 2016. <br />Parabéns ao Rio. Viva o Brasil.<br /> <br />http://www.rodrigovianna.com.br/palavra-minha/viralatas-tentam-atrapalhar-a-festa-do-rio2016<br /><br /><br /><br /><br />-Isadora Salomãohttp://www.blogger.com/profile/08803743152202512782noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5466790988107080467.post-70770903048167039572009-10-04T21:25:00.003-03:002009-10-04T21:29:03.399-03:00GRACIAS A LA VIDA, QUE ME HA DADO TANTO...<strong>MORRE MERCEDES SOSA - UMA PERDA PARA O MUNDO</strong><br /> <br /><strong>Mercedes Sosa em entrevista coletiva no Equador</strong><br />04 de outubro de 2009<br />Foto: AP<br /><br />A cantora argentina Mercedes Sosa morreu neste domingo (4), aos 74 anos, depois de permanecer internada por 11 dias em um hospital na cidade de Buenos Aires, segundo informou a sua família através do site oficial da artista.<br /><br />Mercedes sofria de uma doença hepática, que foi complicada por problemas respiratórios. A cantora estava em coma desde a quinta-feira passada e respirando com a ajuda de aparelhos. Seu corpo será velado no Salão dos Passos Perdidos, no Congresso Nacional Argentino.<br /><br />Haydé Mercedes Sosa nasceu no dia 9 de julho de 1935, na cidade de San Miguel de Tucumán. Com uma carreira de 60 anos, transitou por diversos países do mundo, dividiu o palco com inúmeros e prestigiosos artistas e deixou uma grande discografia.<br /><br />"Sua voz levava mensagens de compromisso social através da música da raiz folclórica, sem prejuízos de somar outras vertentes e expressões de qualidade musical. Seu talento indiscutível, sua honestidade e suas profundas convicções deixam uma enorme herança para as gerações futuras", diz a sua família no comunicado publicado no site oficial da cantora.<br /><br />Mercedes Sosa nasceu em Tucamán, Argentina, em 9 de julho de 1935. É uma cantora de grande apelo popular na América Latina e conhecida como La Negra pela cor das longas e lisas madeixas. <br /><br />Ganhou destaque muito nova, com quinze anos de idade, após se apresentar em uma competição de uma rádio da sua cidade natal e conseguiu um contrato de dois meses. O timbre marcante levou Mercedes a gravar o primeiro disco Canciones con Fundamento, em 1965, com um perfil de folk argentino. <br /><br />Mas foi em 1967 que se consagrou internacionalmente após gravar o sucesso Cantata Sudamericana e Mujeres Argentinas, com Ariel Ramirez e Feliz Luna. A música foi em homenagem à chinela Violeta Parra. <br /><br />Já atuou com diversos músicos, como Milton Nascimento, Fagner e Silvio Rodríguez. <br />De personalidade marcante, Sosa é conhecida também como uma ativista política de esquerda, sendo peronista na juventude. Se posicionou contra à figura de carlos Menem e apoioi a eleição do ex-prediente Néstor Kirchner. <br /><br />Toda essa procupação inclusive fica evidente em seu repertório, tornando-se uma das grandes expoentes da Nueva Canción, movimento musical nos anos 60, com raízes africanas, cubanas, andinas e espanholas. Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque são representantes. <br /><br />Possui um dueto com Beth Carvalho, cada uma cantando no seu idioma, na música So le piedo a Dios, além da parceria que fez com Fagner na música Años, de 1981. <br /><br /><strong>Discografia </strong><br />La voz de la zafra (1962) <br />Canciones con fundamento (1965) <br />Yo no canto por cantar (1966) <br />Hermano (1966) <br />Para cantarle a mi gente (1967) <br />Con sabor a Mercedes Sosa (1968) <br />Mujeres argentinas (1969) <br />Navidad con Mercedes Sosa (1970) <br />El grito de la tierra (1970) <br />Homenaje a Violeta Parra (1971) <br />Hasta la victoria (1972) <br />Cantata Sudamericana (1972) <br />Traigo un pueblo en mi voz (1973) <br />Niño de mañana (1975) <br />A que florezca mi pueblo (1975) <br />La mamancy (1976) <br />En dirección del viento (1976) <br />O cio da terra (1977) <br />Mercedes Sosa interpreta a Atahualpa Yupanqui (1977) <br />Si se calla el cantor (1977) <br />Serenata para la tierra de uno (1979) <br />A quién doy (1980) <br />Gravado ao vivo no Brasil (1980) <br />Mercedes Sosa en Argentina (1982) <br />Mercedes Sosa (1983) <br />Como un pájaro libre (1983) <br />Recital (1983) <br />¿Será posible el sur? (1984) <br />Vengo a ofrecer mi corazón (1985) <br />Corazón Americano (1985) <br />Mercedes Sosa ´86 (1986) <br />Mercedes Sosa ´87 (1987) <br />Gracias a la vida (1987) <br />Amigos míos (1988) <br />En vivo en Europa (1990) <br />De mí (1991) <br />30 años (1993) <br />Sino (1993) <br />Gestos de amor (1994) <br />Oro (1995) <br />Escondido en mi país (1996) <br />Alta fidelidad (1997) <br />Al despertar (1998) <br />Misa Criolla (2000) <br />Acústico (2002) <br />Argentina quiere cantar (2003) <br />Corazón Libre (2005) <br />Filmografia <br />Güemes, la tierra en armas (1971) <br />Argentinísima (1972) <br />Ésta es mi Argentina (1974) <br />Mercedes Sosa, como un pájaro libre (1983) <br />Será posible el sur: Mercedes Sosa (1985) <br />Historias de Argentina en Vivo (2001)Isadora Salomãohttp://www.blogger.com/profile/08803743152202512782noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5466790988107080467.post-90515074367551855542009-09-29T14:13:00.002-03:002009-09-29T14:20:29.036-03:0028 DE SETEMBRO - DIA IMPORTANTE PARA A MULHER VERMELHAOntem, 28 de setembro de 2009, foi um dia bastante importante por diversos motivos... Dois desses motivos exponho agora abaixo. <br /><br /><br /><strong>FRENTE DE DESCRINALIZAÇÃO E LEGALIZAÇÃO DO ABORTO É LANÇADA EM SALVADOR</strong><br />Redação CORREIO <br /><br />Centro Cultural da Câmara Municipal de Salvador, localizado na Praça Municipal (Centro), abrigará nesta segunda-feira (28), a partir das 19h, o lançamento da Frente de Descriminalização e pela Legalização do Aborto. <br />O evento coincide com o Dia de Ação pela Descriminalizaçã o do Aborto na América Latina e Caribe e denuncia o alto número de óbitos registrados em mulheres devido à realização de aborto clandestino. <br />Segundo os integrantes da frente, em cinco anos, mais de 800 delas morreram na Bahia por se submeterem à prática sem assistência médica. Em Salvador, o aborto inseguro é a primeira causa isolada dessas mortes. De janeiro de 2007 a agosto de 2008, cerca de 32 mil mulheres foram atendidas na rede pública em decorrência de complicações pós-aborto. No estado, o movimento tema adesão de organizações vinculadas aos movimentos feminista, negro, sindical e ONGs. <br />(Notícia publicada na edição impressa do dia 28/09/2009 do CORREIO)<br /><br /><br /><br /><strong>BASSUMA SE DESFILIA DO PT E VAI PARA O PV</strong><br />Bahia Notícias<br /><br />Como já era esperado, o deputado federal Luiz Bassuma oficializou nesta segunda-feira (28) o pedido de desfiliação do PT. O protocolo foi registrado no diretório municipal do partido e na 13ª Zona Eleitoral. O destino dele será o mesmo da sua esposa, Rose Bassuma, que será candidata à Câmara Federal em 2010 pelo PV. Punido pela legenda por lutar contra o aborto, o parlamentar foi seduzido por um artigo especial adotado no estatuto dos verdes, depois do ingresso da senadora Marina Silva (AC), única presidenciável, segundo ele, contrária à legalização do procedimento. O Partido Verde incluiu em sua norma a “liberdade de expressão em questões de consciência”. Veja aqui as solicitações de desligamento de Bassuma ao PT e à Justiça Eleitoral.<br /><br /><br />-Isadora Salomãohttp://www.blogger.com/profile/08803743152202512782noreply@blogger.com0